segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Meditação muda a forma de reagir a emoções

Meditação muda a forma de reagir a emoções

Imagens de ressonância magnética mostram que diferentes formas de meditação têm efeitos duradouros na estrutura cerebral

meditação
Pesquisa mostrou que a prática da meditação ajuda a melhorar a estabilidade emocional e a resposta ao stress (Thinkstock)
Participar de um programa de treinamento em meditação pode ter efeitos duradouros e mensuráveis nas funções do cérebro, mesmo nos momentos em que a pessoa não está meditando. Esse é o resultado de uma pesquisa publicada na edição deste mês da revista Frontiers in Human Neuroscience que usou imagens de ressonância magnética do cérebro de voluntários para medir como a prática da meditação afetava a regulação das emoções. "Essa é a primeira vez que a meditação foi mostrada afetando o processamento emocional do cérebro fora dos estados meditativos", disse a neurocientista Gaëlle Desbordes, pesquisadora da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, e autora da pesquisa.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Effects of mindful-attention and compassion meditation training on amygdala response to emotional stimuli in an ordinary, non-meditative state
Onde foi divulgada: Revista Frontiers in Human Neuroscience

Quem fez: Gaëlle Desbordes, Lobsang T. Negi, B. Alan Wallace e Charles L. Raison

Instituição: Universidade de Boston, nos EUA

Dados de amostragem: 36 voluntários que participaram de três tipos de cursos: aulas sobre saúde, treinamento em meditação de atenção plena e treinamento em meditação compassiva

Resultado: Aqueles que tiveram treinamento em meditação mostraram ter maior estabilidade emocional em resposta a imagens emotivas
Diversos estudos anteriores mostraram que a prática da meditação diminuía a ativação da amígdala – uma área cerebral conhecida por seu papel na regulação das emoções. Essas pesquisas, no entanto, só haviam sido feitas com voluntários durante o estado meditativo. O novo estudo é o primeiro a medir se a prática pode produzir uma redução duradoura na resposta da amígdala aos estímulos emocionais.
Os participantes foram recrutados entre os voluntários de uma pesquisa maior realizada pela Universidade de Emory, nos Estados Unidos, que havia angariado adultos saudáveis para participar de cursos de oito semanas em dois tipos de meditação. A primeira foi a meditação de atenção plena, o tipo mais estudado, focado em desenvolver a consciência da respiração, pensamentos e emoções. A segunda, e menos conhecida, foi a meditação compassiva, que inclui métodos destinados a desenvolver a bondade e a compaixão por si mesmo e pelos outros. Um terceiro grupo de voluntários participou de cursos de saúde pelo mesmo período de oito semanas.
A pesquisa da Universidade de Boston recrutou 12 participantes de cada um dos três grupos, e realizou exames de ressonância magnética em seu cérebro três semanas antes de começarem os cursos e três semanas depois de terminarem. Os exames foram realizados enquanto os voluntários viam uma série de 216 fotografias de pessoas passando por situações com conteúdo emocional positivo, negativo ou neutro.
Atenção e compaixão – As imagens de ressonância magnética do grupo que praticava a meditação de atenção plena mostraram uma queda na atividade da amígdala direita em resposta a todas as fotografias. Já as imagens do grupo que praticava a meditação compassiva só mostraram uma queda na reação às fotografias positivas e neutras. Na verdade, entre os participantes que praticavam esse tipo de meditação com mais regularidade, a resposta da amígdala às imagens negativas aumentou.
Gaëlle Desbordes, Martinos Center for Biomedical Imaging, Mass. General Hospital
amígdala direita
Imagens de ressonância magnética mostraram uma menor atividade da amígdala direita após a meditação, o que indica maior estabilidade emocional
Já o terceiro grupo, que recebeu apenas as aulas sobre saúde, não mostrou nenhuma mudança na reação às fotografias, mostrando que a meditação ajuda a melhorar a estabilidade emocional e a resposta ao estresse. "Esses resultados são consistentes com a hipótese de que a meditação pode resultar em mudanças benéficas e duradouras no funcionamento cerebral, especialmente na área de processamento emocional", diz Gaëlle Desbordes.
Quanto à resposta cerebral diferente entre os dois grupos de praticantes da meditação, os pesquisadores explicam que isso se deve ao fato de eles treinarem aspectos diferentes da mente. "A meditação compassiva foi desenvolvida para aumentar os sentimentos de compaixão, então faz sentido que ela aumente as respostas da amígdala à visão de pessoas sofrendo. O aumento da atividade da amígdala também esteve relacionado com índices menores de depressão, mostrando que o fato de ter mais compaixão pelos outros também pode ser benéfico para si mesmo."

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Prática da ioga traz benefícios afetivos e cognitivos, aponta estudo brasileiro


Prática da ioga traz benefícios afetivos e cognitivos, aponta estudo brasileiro

Para quem pratica ioga, memória de longo prazo melhorou 20% e houve redução do estresse

15 de abril de 2012 
Alexandre Gonçalves, Mariana Lenharo, Jornal da Tarde - O Estado de S.Paulo

O professor José Luiz Jabali Corradi e suas alunas: 'Cérebro ativado' - Clayton de Souza/AE




O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), preenche uma lacuna nos estudos sobre o impacto neuropsicológico da ioga. A maioria carece de controles adequados que garantam o rigor ou a aplicação universal dos resultados (mais informações nesta página).

Diferentemente do que ocorreu nas outras pesquisas, desta vez os pesquisadores escolheram voluntários saudáveis que não praticavam ioga. Eles foram recrutados no Batalhão Visconde de Taunay, do Exército, em Natal (RN).

Os cientistas conseguiram autorização do coronel Odilon Mazzine Junior para realizar uma atividade atípica para o grupo de 17 soldados que participaram do estudo: ao longo de um semestre, eles praticaram uma hora de ioga, duas vezes por semana.

Outros 19 militares não participavam das aulas e serviram como grupo de controle. Isso é importante para que os resultados do grupo que praticou ioga possam ser comparados.

A coordenadora do estudo Regina Helena da Silva, do programa de Pós-graduação em Psicobiologia do Centro de Biociências da UFRN, pratica ioga há cerca de uma década, mas nunca tinha colocado o exercício sob a lente da psicobiologia, sua área de pesquisa.
Animou-se, no entanto, quando o biólogo Kliger Kissinger Fernandes Rocha pediu que ela o orientasse no doutorado do programa. Rocha é professor de ioga e reconhecia as limitações dos estudos sobre o tema. Por isso, sugeriu abordá-lo em uma tese. O trabalho, publicado na revista científica Consciousness and Cognition, é fruto desse interesse.

Os militares foram avaliados no início e no fim do estudo. Foram aplicados testes de memória e formulários para averiguar o nível de estresse e outras condições psicológicas, bem como testes fisiológicos.

"Notamos uma melhora de 20% na memória de longo prazo nos militares que praticaram ioga", afirma Rocha. "É um porcentual que indica um considerável ganho cognitivo."

Ele recorda que também houve uma diminuição no nível de estresse. "O cortisol (hormônio associado ao problema) presente na saliva diminuiu 50% no grupo da ioga", recorda o pesquisador, que aos 14 anos recebeu indicação médica para praticar ioga com a finalidade de atenuar as raízes psicológicas de uma gastrite nervosa.

Como não houve alterações significativas no grupo de controle, os pesquisadores descartam a atribuição da melhora aos exercícios físicos. Isso porque o grupo de controle realizava até mais exercícios do que o que se dedicou à pratica da ioga.

Mistério. Os cientistas afirmam que os mecanismos neurofisiológicos responsáveis pela melhora cognitiva e afetiva ainda são desconhecidos.

"Trabalhamos com a hipótese de que a meditação na ioga melhora a capacidade de concentração", explica Regina. "Contudo, a diminuição do estresse também poderia explicar a melhora dos resultados nos testes que avaliaram a memória."

domingo, 11 de novembro de 2012

Meditação ajuda adolescentes de grupo de risco a se manterem saudáveis


Meditação ajuda adolescentes de grupo de risco a se manterem saudáveis

A prática de meditação pode diminuir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em adolescentes com propensão a isso. (Minghui.org)













A meditação regular a partir da idade jovem pode reduzir significativamente o risco de doenças cardiovasculares, porque reduz o esforço do coração.
Uma equipe de pesquisadores norte-americanos estudou 62 adolescentes americanos de ascendência africana, que tinham pressão alta. A equipe descobriu que os que meditaram duas vezes por dia tinham menor massa ventricular esquerda e isso é uma indicação de maior predisposição para doenças cardiovasculares.
“O aumento da massa do ventrículo esquerdo do músculo cardíaco resulta de uma sobrecarga de trabalho de um coração com maior pressão arterial”, disse Dr. Vernon A. Barnes da Universidade ‘Georgia Health Sciences’ em um comunicado de imprensa.
“Alguns desses adolescentes com mais massa ventricular esquerda, que resulta de uma pressão arterial mais elevada, estão propensos a mantê-la na idade adulta.”
Para verificar os efeitos da meditação, a equipe dividiu aleatoreamente 62 adolescentes em dois grupos e estabeleceu uma atividade específica para cada grupo durante quatro meses.
Trinta dos adolescentes realizaram diariamente 15 minutos de meditação em sala de aula e 15 minutos em casa. Enquanto isso, os 32 adolescentes do grupo de controle não praticaram meditação, mas foram orientados sobre como proceder para manter a pressão arterial dentro de uma faixa de normalidade que reduz o risco de doenças cardíacas. O mesmo instrutor trabalhou com ambos os grupos.
Exames de ecocardiograma mostraram que a massa do ventrículo esquerdo do grupo de adolescentes que meditou diminui. Os alunos desse grupo também mostraram melhorias comportamentais de acordo com seus registros escolares.
De acordo com Dr. Barnes, a meditação proporciona um período de ‘descanso profundo’, que diminui a atividade do sistema nervoso simpático e a liberação de hormônios do estresse. “Como resultado, a vasculatura relaxa, a pressão arterial diminui e o coração trabalha menos.”
Num artigo, esses pesquisadores explicaram que outras pesquisas mostraram como, no longo prazo, a meditação reduz efetivamente a pressão arterial de quem a pratica e tem efeito positivo sobre fatores que geram estresse psicossocial, como a raiva, hostilidade e depressão.
“As estatísticas indicaram que um em cada 10 jovens negros tem pressão alta”, disse Barnes. “Se praticado por longo período, a meditação pode reduzir o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular, além de outros benefícios à saúde.”
Esse é o primeiro estudo que demonstrou que a meditação pode reduzir a massa ventricular esquerda. A equipe espera que isso possa alavancar o uso da meditação para prevenir e tratar doenças cardiovasculares.
Os resultados da pesquisa foram publicados no jornal online ‘Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine’

sábado, 3 de novembro de 2012

AUMENTE SEU AUTOCONTROLE COM TÉCNICAS DE MEDITAÇÃO


Aumente seu autocontrole com técnicas de meditação

JULIANA VINES
No instante de fúria, tudo parece conspirar para que você pule no pescoço de alguém: o coração dispara, as pupilas se dilatam, os músculos recebem mais sangue e se preparam para o ataque.
Seria um combate feroz se não fosse seu próprio cérebro, que, sem você contar até dez, se lembra das prováveis consequências do embate.
É fácil concluir que não existe vida social sem autocontrole. A ciência provou e já deu até o endereço de onde fica a regulação das emoções no cérebro. A boa notícia é que as últimas descobertas dão esperanças aos mais impulsivos: com treino, dá para melhorar o controle emocional.
Elisa Harumi Kozasa, neurocientista do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, é uma das autoras de um estudo recém-publicado na revista internacional "NeuroImage". A pesquisa comparou o desempenho de pessoas que meditam com o de quem não medita em uma atividade que exige controle de impulsos. Saiu-se melhor quem meditava.
"O treinamento em meditação modifica as áreas cerebrais. O córtex fica mais espesso em partes relacionadas à atenção, à tomada de decisões e ao controle de impulsos", explica.
Além de meditação, os treinamentos para autocontrole envolvem terapia comportamental e técnicas de reconhecimento facial de emoções. A ideia não é aprender a engolir sapos ou a forjar um pensamento positivo. "Suprimir a raiva ou o estresse é 'autoilusão', não autocontrole. É preciso entender o que causa o impulso, não rejeitá-lo", diz José Roberto Leite, psicólogo e pesquisador da Unifesp.
Emoções são respostas do organismo a estímulos internos ou externos. O que determina o tamanho do pavio da pessoa ou o quanto ela é ansiosa não é só "gênio".
"Há um papel da genética, mas a influência do ambiente e do comportamento é grande. Quem vive em ambientes com pessoas ansiosas tem mais tendência a ser ansioso", explica Kozasa.
Sentir raiva ou nojo, duas emoções universais, é involuntário e fisiológico: todos sentem. Mas o que será feito com esse impulso pode ser uma escolha, de acordo com a monja Coen, primaz da Comunidade Zen Budista. "Podemos controlar o que fazemos com as nossas emoções. Para isso, é preciso saber reconhecê-las e nomeá-las." É aí que entra a meditação.
Editoria de Arte/Folhapress
ATENÇÃO PLENA
"É como arrumar a casa", define Stephen Little, instrutor de práticas de redução de estresse e de autocuidado do Hospital Israelita Albert Einstein. "Meditar ajuda a criar caminhos neurológicos mais claros. É como abrir uma brecha entre a emoção e o instante da decisão."
Como o foco da atenção é redirecionado --por exemplo, para a respiração--, a técnica treina a concentração, fundamental para manter o controle. As distrações contribuem para que sejamos levados pelas emoções, no estilo "deixa a vida me levar", explica Little.
Em um mundo de distrações, concentrar-se não é nada fácil. Quem nunca meditou pode achar a prática difícil pelo simples fato de precisar ficar quieto, sem estímulos externos. O jeito mais simples de conseguir isso é prestando atenção à respiração. Mas há outras formas, como repetir mentalmente uma palavra ou expressão ou deixar o pensamento fluir.
O único porém é que os efeitos não são imediatos. Os melhores resultados aparecem em estudos com pessoas que praticam a técnica há mais de dez anos. "Mas dá para ter uma boa diferença em oito semanas", incentiva Kozasa. Ela se refere a um programa de 45 minutos por dia, com acompanhamento.