quarta-feira, 29 de setembro de 2010

YOGA E DEPRESSÃO

     
         Este texto é de autoria de Rosana Maria Bassoli, e nos traz informações importantes sobre YOGA E DEPRESSÃO.

Dentro do trabalho do Yoga, existem alguns exercícios que são indicados para pessoas portadoras de algum tipo de depressão. Abordaremos este assunto com muita naturalidade, pois, entendemos que algumas seqüências de posturas aliviam muito os sintomas da depressão. Fazemos todas as posturas usando a respiração como condutora dos movimentos, para que a pessoa possa relaxar o físico e, aos poucos ela poderá entrar em contato com a sua mente e possivelmente com a sua emoção. São exercícios indicados para o corpo e para a mente, equilibrando-os numa sintonia de pensamentos positivos, auto-reflexão e relaxamentos. Atuam na estimulação das glândulas, gônadas e circulação sangüínea. Trabalham com automassagem nos órgãos através de posturas de torção e flexão, fazendo uma limpeza das toxinas no organismo. Apresentam-se em exercícios psicofísicos, respiratórios, contrações, alongamentos, relaxamento e concentração.



Por se tratar de exercícios executados com leveza e lentidão, temos como efeito a consciência corporal, que é de fundamental importância para a depressão, pois a pessoa, por estar em estado de profundo recolhimento e julgamento, pode não perceber o corpo pronto para ajudá-lo. O objetivo do trabalho é estabelecer contato com o corpo e com as necessidades primárias, tonificar cada região trabalhada, favorecendo o fortalecimento de toda a estrutura. Melhora a condução do sistema energético para a região desgastada, promove vitalidade para o órgão correspondente e diminui a insegurança e o medo de lidar com as camadas mais profundas do seu ser.



. O estresse é uma das patologias mais comuns hoje em dia, que até tornou-se comum dizer: “Estou estressado”. Mas o que a maioria das pessoas desconhece é que, se não for tratado adequadamente, o estresse pode levar o indivíduo à depressão e, ainda mais grave, à morte.



As pessoas sofrem primeiramente dos desequilíbrios do estresse, que seguidos de outros fatores podem desencadear uma depressão. Alguns sinais surgem e a pessoa que não está habituada a fazer uma auto-análise, pertinente aos praticantes do Yoga, não se dá conta de que estão reagindo diferente, como por exemplo: reagindo com muita ansiedade, nervos à flor da pele, muito medo do futuro, perda de apetite e muitas dores musculares; ou com raiva e explosões, dores no estômago e um calor quase insuportável; ou ainda engordando e com vontade de desistir de tudo.



Então, o que pode ser feito?



O resgate desta vida tranqüila e harmoniosa é o objetivo do Yoga que recomenda seguirmos um roteiro diário que equilibrará todo o sistema energético do corpo, evitando a depressão, que é uma doença antiga mas se apresenta com novas e diversas roupagens. Uma em cada dez pessoas apresenta um quadro de depressão. Nem todos esses deprimidos se tratam e, na verdade, a maioria deles nem sabe que tem depressão, pois muitas vezes essas depressões passam despercebidas e sob forma de somatizações.



Hoje, aproximadamente 5% da população mundial apresenta algum tipo de distúrbio depressivo. Houve uma explosão dos distúrbios depressivos no mundo atual. Por um lado, houve também uma evolução do conhecimento em neuroquímica. A velocidade espantosa que se atinge com a tecnologia é espantosa e nosso cérebro tenta acompanhar todo o sistema externo, porém sofre uma sobrecarga dos sistemas internos e com isto surgem os conflitos existenciais, pois, na visão do Yoga, toda ação gera uma reação.



A tecnologia é maravilhosa, necessária e útil para o nosso momento. Vivemos num mundo cada vez mais competitivo, informativo e prático, porém esta praticidade não permite que o nosso cérebro descanse, criamos senhas e mais senhas, comandos e mais comandos para que tudo funcione perfeitamente. Assim, observamos novamente que o homem está num processo incansável em busca da perfeição, vivendo num mundo em sintonia com a violência e crise de valores, marcado pelo descrédito e pela falta de expectativa e esperança.



Através da filosofia do Yoga entendemos que o homem desenvolve a consciência de acordo com a sua natureza, e se ela hoje é violenta, é porque deixamos muito o nosso lado violento fluir, sem freios nem controle sobre nossos impulsos. A ética tornou-se escassa e a disciplina, rigidez. No Yoga contamos com um material vastíssimo sobre a ética, auto-esforço, disciplina e controle sobre nossos impulsos. Trata-se de uma filosofia de vida, visando a qualidade do ser humano integral, embasada num material científico que aborda como o equilíbrio e o centramento da pessoa podem permanecer ao longo de sua vida, evitando que ela adoeça. Atribui aos seus exercícios psico-físicos, meditativos e respiratórios, limpeza e purificação como fontes de fortalecimento e saúde plena. Indica a prática diária desses exercícios, pois eles vão atuar diretamente nas glândulas e órgãos, promovendo uma automassagem.



Hoje, felizmente, contamos com profissionais de diversas áreas da saúde que indicam o Yoga como uma prática preventiva do estresse e suas complicações. O Yogaterapia indica exercícios específicos para cada tipo de patologia, tendo como efeitos principais a recuperação da tonicidade vital, da energia psíquica e orgânica, pois a queda desta energia pode levar o indivíduo à depressão e à desistência da saúde. Claro que esta visão holística não deve caminhar sozinha; é necessária a presença do profissional da área de saúde para acompanhar todo este processo e aplicar recursos necessários para cada paciente.



Segundo o Dr. Ribeiro de Deus, “Se na depressão ocorre uma queda de energia, devemos buscar outras formas de reposição energética e não somente fazê-lo através do uso de psicofármacos. Devemos nos lembrar que além do plano biológico estamos inseridos em outros planos ou dimensões e temos que dar a mesma atenção pelo menos aos aspectos psicológicos, aos planos sociais e dimensões espirituais”.



Sabemos que todas as doenças, surgem do plano menos denso para o mais denso. E se nós estivermos atentos a estas energias, evitaremos a descarga no corpo psíquico. Aprendemos, dentro do Yoga, a refletir sobre os nossos conflitos de uma maneira suave e sem julgamentos, através do autoconhecimento. A filosofia do Yoga nos fortalece, nos coloca numa disciplina sem rigidez, nos mostra meios de alcançar o equilíbrio das situações conflitantes e nos coloca responsáveis pelas nossas ações, assumindo-as por completo. Pensamos que esta conduta interna, mais os exercícios que promovem leveza e relaxamento, podem nos auxiliar na busca do equilíbrio energético e melhor qualidade de vida.



A qualidade de vida é hoje um assunto de emergência, pois, o número de pessoas doentes está aumentando, a sociedade está adoecendo, e todos acabam por sofrer algum distúrbio com isto.



“Por causa da depressão, muitas pessoas faltam ao trabalho, perdem o emprego, ficam incapacitadas para desempenhar tarefas cotidianas e manter relações afetivas e sociais saudáveis. São obrigadas a aposentar-se precocemente e, ainda, há um grande risco de suicídio”, lembra Dr. Del Porto.



Temos um estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde) prevendo, para o ano de 2002, que as depressões se tornarão a segunda causa de impacto social entre todas as patologias. Só estarão perdendo para as doenças coronarianas, que devem continuar na liderança. Claro que é uma previsão assustadora e que todos devem buscar maneiras e princípios éticos diferenciados para que possamos combater tal situação.



Quantos adoecem e as terapias passam a ser aliadas ao tratamento? Mas quando a base orgânica da depressão é mais acentuada, a terapia pode ser bem-vinda, mas não suficiente. Os fármacos, então, são indispensáveis para estes casos. A contribuição da indústria farmacêutica contra a depressão, apoiando profissionais da área com medicamentos cada vez mais potentes e com menos efeitos colaterais, vem permitindo, juntamente com acompanhamentos psicoterápicos, resultados mais otimistas para um processo de cura.



O Yogaterapia, neste caso, entraria com exercícios que estimulam novas atitudes diante dos sintomas que, por si só, podem mudar o estado emocional, desencadear hábitos de pensamentos e comportamentos saudáveis. Essa terapia, hoje, tem grande aceitação na área da psiquiatria, pois consiste em trabalhar o conhecimento de si mesmo, procurando desfazer alguns vícios e crenças negativas, fazendo com que a pessoa observe seus hábitos desde os mais simples como os mais complexos, como por exemplo: a alimentação, o sono, a maneira de pensar e agir, os hábitos de higiene, de trabalho e de relacionamento.



Quando nos observamos, temos a clara impressão sobre nós mesmos, os nossos medos e exageros, abrimos canais sutis de percepção e com isto estes cuidados vão mexer diretamente com a auto-estima. Estas observações são feitas através de exercícios de meditação e relaxamentos onde a pessoa entra em contato com o afrouxamento dos músculos, ou seja um estado oposto à tensão, uma ausência de contrações e esforço, ficando num estado de profunda soltura. Os nervos e os músculos ficam inativos, não transmitem mais impulsos, possibilitando, assim, repouso aos centros nervosos. Nessa condição, os reflexos se acalmam e a observação fica mais nítida, afastando dela os aborrecimentos.



Descanse. Relaxe, esta é uma receita infalível ao combate dessa “coisa” chamado estresse que tanto quer fazer parte de nossas vidas. Relaxar é remédio eficaz, mas sem treinamento não é possível relaxar, pois é comum que a pessoa sozinha nessa disciplina, desanime perante as dificuldades iniciais que vai encontrar. A prática conjugada de técnicas do relaxamento deve ser acompanhada por um profissional da área do Yoga, para que se consiga praticar toda a série até chegar a sentir-se segura e sem qualquer obstáculo para o repouso.



Segundo o professor Hermógenes, mestre de Yoga há mais de quarenta anos, no seu livro de Yogaterapia diz que: “relaxar é afrouxar-se. É desligar-se. É abandonar-se. É derramar-se passivamente. Ausentar-se por uns instantes da ansiedade e da luta. Relaxar é economizar esforço. É despojar-se da normal e eficiente estressora auto afirmação. Relaxar-se é gozar repouso. É amolecer-se. É um entregar-se todo, sem restrições, sem preocupação com um sistema de segurança. É desfrutar os inefáveis prazeres do fazer absolutamente nada.”



Para uma pessoa deprimida, relaxar é difícil, pois está vivendo exausto, em guarda, a defender-se. Porém, se continuar insistindo na prática dos exercícios, conseguirá aprimorar-se na arte de relaxar. Estará vencendo o medo, acalmando a ansiedade, ganhando coragem e estímulos, e naturalmente a qualidade de sua vida ficará bem melhor.



Diante disto, já sabemos o quanto é importante relaxar. O Yoga apresenta técnicas de relaxamentos comprovadamente eficazes. Sua eficácia demonstra a solidez e o retorno da saúde como um todo. Além do relaxamento o Yoga propõe ao praticante a auto-análise, tão eficiente, que consiste em tornar conhecidos os hábitos, os vícios e passar para o consciente. Tais conteúdos podem nos levar a perceber nossos comportamentos de como reagimos, sofremos ou gozamos, como lidamos os nossos pensamentos e crenças.

Namastê



Rosângela Maria Bassoli



 Bassoli RM - Yoga para Depressão, in:PsiqWeb, Psiquiatria Geral, Intrnet, 2002, disponível em:

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

MEDITAÇÃO E A TAMPA DA PANELA FERVENDO


    "Se já tentou silenciar a sua mente proibindo-a de pensar, sabe como isso pode ser inútil. Mas quanto mais investe sua energia mental em um único foco durante a meditação, mais afiada a sua mente será, e mais distantes estão as distrações. Com uma mente mais afiada, vem a experiência de harmonia e quietude interior, na medida em que os sedimentos no turbulento lago de sua mente gradativamente se assentam no fundo, tornando a água clara e limpa. Esta experiência é geralmente acompanhada por outros prazerosos sentimentos como amor, alegria, felicidade e êxtase..

 Quando se medita regularmente, começa-se a notar que os pensamentos e sentimentos que se acumularam dentro de você, naturalmente se dissipam, como uma névoa saindo da superfície de um lago. Pode sentar-se para meditar sentindo-se pesado com as preocupações e aborrecimentos e então levantar meia hora depois sentindo-se um tanto mais leve, mais expandido, e mais despreocupado. Quem sabe como esse misterioso processo ocorre? Você poderia dizer que meditar é como levantar tampa de uma panela com sopa fervendo - cria espaço para a água evaporar e reduz a pressão que estava se acumulando dentro.

A meditação tem bastante em comum com o o esporte. Primeiro, tem que aprender a mecânica do negócio - como se sentar direito, posicionar as pernas, relaxar seu corpo e focar em sua respiração. Depois, precisa entender as regras do jogo - quanto tempo leva, aonde praticar, o que vestir. Mas quando os detalhes estiverem  claros, você precisa saber como se aplicar para que possa tirar maior proveito do que descobriu. Disciplina é o que lhe agarra pelo colarinho e lhe faz meditar dia após dia mesmo quando as coisas ficam difíceis."

Este texto é do livro "MEDITAÇÃO PARA LEIGOS ", de Stephen Bodian. É um livro interessante para quem quer uma leitura agradável e inicial sobre o tema. No próximo post, vou abordar mais detalhadamente sobre  DISCIPLINA!!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

MEDITAÇÃO: RECOMENDAÇÕES GERAIS

Matthieu Ricard, em seu livro A ARTE DE MEDITAR, nos traz considerações interessantes para quem quer  iniciar a  prática de meditação. Diz ele:
" É essencial manter a continuidade da meditação, dia após dia, pois é assim que ela ganha, pouco a pouco, em amplitude e estabilidade, como um filete de água que se transforma em riacho e depois em rio.
É melhor meditar regularmente, e de forma repetida, durante curtos períodos de tempo do que fazer longas sessões de vez em quando.
A assiduidade não deve depender do humor do momento. Seja nossa sessão de meditação agradável ou enfadonha, fácil ou difícil, o importante é perseverar. Aliás, é quando não estamos com vontade de meditar que a prática é mais proveitosa, pois ela ataca diretamente o que, em nós, impede o progresso espiritual.
 É essencial ter um interesse suficientemente profundo para manter o esforço, apesas dos altos e baixos da prática. As circunstância que a vida cotidiana nos oferece não são favoráveis à meditção. Torna-se necessário, no início, organizar um certo número de condições favoráveis. NÃO APRENDEMOS OS RUDIMENTOS DA NAVEGAÇÃO NA HORA DA TEMPESTADE. Por isso, no começo, é preferível meditar num lugar tranquilo para dar à mente uma chance de se tornar clara e estável."
  Nesta semana tive mais dificuldade em meditar todos os dias, mas estou procurando deixar que a exigência e a cobrança cedam lugar à aceitação da dificuldade  e à compreensão das suas causas. Tenho comigo que este é um comportamento auto-sabotador...