sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Meditação da expansão

Procure uma posição de conforto para permanecer em atitude relaxada, entendendo que o relaxamento não é algo que eu possa ou deva fazer. Posso fazer coisas desde o relaxamento, mas o relaxamento não é fazer coisas, nem deixar de fazer.

Observo então que o corpo assume naturalmente a posição vertical, sem esforço, e permanece descontraído na firmeza natural do āsana. Vejo que essa mesma atitude se estende à tranquilidade no meu coração e aos conteúdos da paisagem mental. Por um momento paro e observo a quietude do corpo e da mente.

Logo, permito que a respiração flua sem nenhuma interferência; sem esforço, sem nenhum tipo de comando ou esforço da mente. Ao mesmo tempo, percebo o respirar e permito que a atenção se centre na expansão e no recolhimento da respiração natural. Consciência total na respiração; consciência total na fluidez da expansão e o recolhimento do prāṇa, a força vital.

Assim, passo para a prática chamada viśvarūpa dhyāna, antiga meditação que e aparece na Taittirīya Upaniṣad. Nesta contemplação, mantendo os olhos fechados, observo meu corpomente dentro do espaço desta sala. Logo, visualizo a sala na cidade: tomo consciência da dimensão da sala em relação ao tamanho da cidade. E também tomo consciência da dimensão do meu corpo em relação ao tamanho da cidade.

Tomo consciência do tamanho da cidade em relação ao país, tomo consciência do tamanho do país em relação ao continente. Observando desde o corpomente, percebo a dimensão do continente, com todas as montanhas, os rios, as planícies, contendo tudo o que o ser humano fez ao longo da história e tudo aquilo que é objeto criado pela natureza.

Tomo consciência dos dois lados do continente, banhado pelos dois oceanos que são muito maiores que a própria terra. Visualizo agora o planeta inteiro, abrangendo os outros continentes e o terceiro oceano, que não banha esta terra onde estou agora. E lembro que as águas dos três oceanos se misturam, são em verdade uma só. Observo.

Lembro que este planeta é pequeno em relação ao sistema solar. Também penso que o sistema solar, com todos seus planetas, asteróides e estrelas, é imenso em relação ao meu corpomente, e ao mesmo tempo muito pequeno se comparado ao tamanho da Via Láctea.

E que esta galáxia onde está meu planeta, por sua vez, é infinitesimalmente pequena em relação ao conjunto das galáxias vizinhas que, por sua vez, somadas, são insignificantes diante do tamanho do universo inteiro. Então agora olho de volta para o meu corpo na sala, tomando consciência da dimensão da criação total, do universo inteiro. Quiçá com algum direito, possa surgir em mim um sentimento de insignificância.

Porém, ao perceber a dimensão real do universo, vejo quão pequenos são os meus problemas, quão pequenas são as coisas que ocupam meu pensamento no cotidiano. Isso, por sua vez, me ajuda a relativizar esses problemas e enxergá-los apenas como o que são: situações tópicas inerentes aos papéis que represento na vida.

Lembro que viśvarūpa, o nome que se dá a essa prática, significa a forma da própria totalidade, a forma do todo. Todas as formas, portanto, estão incluídas na forma única que é o Todo. Cada forma, existe perfeitamente integrada no ambiente com as formas contíguas: o átomo integrado na molécula a molécula na célula, a célula no tecido, o tecido no órgão, o órgão no organismo, o organismo no ambiente, o ambiente no Todo.

E esta consciência que sou, observa, apreciando esse Todo e cada componente dele. Recordo que essa inteligência ativa, chamada Īśvara, está presente em tudo e todos. Observo desde a perspectiva da individualidade que sou, na forma dessa consciência que observa, que não está separada e que não é diferente desse Todo.

Assim, olho para as coisas do meu cotidiano agora, aquelas pequenas coisas que preenchem o meu dia a dia, minhas preocupações, minhas obrigações, e penso: qual é o tamanho dessas situações que vivo, comparadas com o tamanho do universo?

Quando compreendo que sou a consciência que já estava desde antes da mente e do desejo, que permanece durante e que fica depois, que estava desde antes do corpo, que está no corpo agora, e que permanece depois, que estava antes do prāṇa, que está na vitalidade agora, e que fica depois, aquilo que chamo de minhas preocupações se reduz até a insignificância.

Assim, relativizo as coisas do ego, permaneço em paz, e posso estender essa atitude relaxada e focada para todas as experiências para todos os momentos dentro dessa vida que eu tenho agora.

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ. Que haja paz em cada um, que haja paz no ambiente, que haja paz entre nós.

Fonte: http://www.yoga.pro.br

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

TREINO DA MENTE: NOS TORNANDO MESTRES EM LIBERAR-NOS DOS ESTADOS AFLITIVOS ASSIM QUE TOMAM FORMA.

As chamas ardentes da raiva secaram o rio do meu ser. A densa obscuridade da ilusão cegou a minha inteligência. Minha consciência se afoga nas torrentes do desejo. A nevasca enregelada da inveja arrastou-me para o samsara.A montanha do orgulho precipitou-me nos mundos inferiores.
O demônio da crença no ego me tem, firme, pela garganta.
DILGO KHYENTSE RIMPOCHE
Se as paixões são os grandes dramas da mente, as emoções são os seus atores. Durante toda nossa vida, atravessando nosso espírito como um rio tumultuado, elas determinam incontáveis estados de felicidade e infelicidade. É desejável domar esse rio, acalmá-lo? É possível fazê-lo? Se sim, como? Certas emoções nos fazem desabrochar, enquanto outras sabotam o nosso bem-estar. Há, ainda, aquelas que nos fazem definhar.
Lembremo-nos do termo eudamonia, uma das palavras gregas para “felicidade”, que significa floração, desabrochar, realização, graça. O amor dirigido para o bem-estar dos outros, a compaixão voltada para os seus sofrimentos, em atos e pensamentos, são exemplos de emoções que nos alimentam e que favorecem a irradiação da felicidade. Um desejo obsessivo, a avidez aferrada ao objeto de seu apego, bem como o ódio, são exemplos de emoções aflitivas que nos esgotam. Como desenvolver emoções construtivas e libertar-nos das destrutivas?
Apesar da rica terminologia de que dispõe, para descrever uma ampla gama de eventos mentais, as linguagens tradicionais do budismo não têm uma palavra para designar a emoção em si mesma. A causa disso, talvez, seja que, segundo o budismo, todos os tipos de atividade mental, inclusive o pensamento acional, estão ligados a uma sensação relevante de prazer, de dor ou de diferença. Igualmente, a maior parte dos estados afetivos, como o amor e o ódio, surge acompanhada de pensamentos. Em vez de distinguir entre emoções e pensamentos, o budismo está mais voltado à compreensão de quais tipos de atividade mental levam ao bem-estar, o nosso próprio e o dos outros, e quais são nocivos, especialmente a longo prazo. Isto é, na verdade, muito coerente com aquilo que as ciências cognitivas nos mostram sobre o cérebro e a emoção. Não se pode propriamente falar de “centros emocionais” no cérebro. Cada região associada a algum tipo de emoção também está associada a um aspecto cognitivo. Os  circuitos neuronais que veiculam as emoções estão intimamente ligados aos que veiculam a cognição. Esse arranjo anatômico é coerente com a visão budista, segundo a qual esses processos não podem ser separados: as emoções aparecem em um contexto de ações e pensamentos, quase nunca estão isoladas dos outros aspectos da experiência. Deve-se notar que isso contradiz a teoria freudiana, segundo a qual poderosas emoções, como a cólera e o ciúme, por exemplo, podem surgir sem a presença de qualquer conteúdo cognitivo e conceitual particular.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Curso de Mosaico com Solange Piffer

No próximo dia 14, sábado, o OM SHANTI traz para Rio Preto a mosaicista Solange Piffer para um workshop. Reconhecida internacionalmente, Solange vai ensinar como fazer um lindo vaso de mosaico. Informações pelo telefone: (17) 3223.3757



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O QUE QUER QUE ACONTEÇA NA SUA VIDA, NÃO DESISTA DO AMOR

“Toda a gente fala do amor – de querer amor, de procurar o amor, de precisar de amor. Mas por que motivo é o amor tão importante? O que faz realmente por nós e como podemos incrementar a nossa experiência do amor? Nesta palestra, Tulku Lobsang partilha uma sabedoria profunda da perspectiva budista Tantrayana. O amor abre-nos não apenas em nível do nosso coração e mente, mas também de uma forma física bem real. É um método para abrir os nossos bloqueios, que, posteriormente, tem um efeito profundo na nossa saúde.”
~ Apresentação da palestra com Tulku Lobsang Rinpoche, em 21/08/2013, 19h, em SP

“Falamos de amor mas continuamos produzindo medo“, disse uma vez o autor Adyashanti, ou, por outro ângulo, ainda continuamos limitando e selecionando nosso empenho amoroso aqui e ali, por isso a vinda ao Brasil do lama e tulku (reencarnação de outro grande lama)Lobsang Rinpoche, trazendo justamente a mensagem e a experiência tibetana do amor, é uma oportunidade preciosa de aprender e virar a página das limitações que ainda mantemos. Oitava encarnação de Nyentse Lama, aprendiz no Mosteiro Bön de Nangzi, hoje o maior Mosteiro Bön do Tibete, fundador do Centro de Medicina Budista Nangten Menlang, no norte da Índia, e autor de livros como “Despertar para a Sabedoria” e ”Mindfulness in Daily Life“.


Tulku Lobsang passou vários anos no Tibete e na Índia (desde os 6 anos, quando entrou para o mosteiro) aprendendo diretamente com vários mestres o antigo conhecimento Tântrico do Budismo Tibetano, além de Medicina, Astrologia e diversas técnicas de cura. Há alguns vídeos na Internet em que Tulku Lobsang Rinpoche aparece falando e esclarecendo aspectos do amor, como uma entrevista à Emptinez Magazin (em que ele trata de aspectos de relacionamento conjugal, uma tema que sempre aparece associado ao amor), e esta outra entrevista ao programa espanhol Redes, com Elisa Punset, onde ele trata de saúde — ambas nos idiomas originais.

O que quer que aconteça na sua vida, não desista do amor. O amor lhe cura, lhe guia e lhe ajuda. Mantenha o amor no centro do seu coração. Fisicamente, energeticamente e mentalmente – o amor é o melhor remédio.”
~ Tulku Lobsang





FONTE: dharmalog




terça-feira, 19 de novembro de 2013

APEGO É O OPOSTO DO AMOR


“TENHO OBSERVADO UMA IDEIA ESTRANHA DE AMOR QUE MUITAS PESSOAS PARECEM TER: ELES VÊEM O AMOR COMO UMA ESPÉCIE DE PRESENTE QUE TEM QUE SER DADO DE VOLTA. ALGUÉM DIZ: “EU TE AMO”, E SE A OUTRA PESSOA NÃO RESPONDE COM UM “EU TAMBÉM TE AMO”, A PRIMEIRA PESSOA FICA CHATEADA. MAS O AMOR NEM SEMPRE TEM QUE SER RECÍPROCO. NÓS PODEMOS APENAS AMAR. SE O AMOR NÃO VIER DE VOLTA PARA VOCÊ, ELE AINDA É O AMOR QUE VOCÊ DEU E QUE VOCÊ SENTE. NEM SEMPRE TEMOS QUE RECEBER ALGO DE VOLTA PARA O QUE DAMOS, NÃO É?”

KARMAPA



A PAIXÃO APEGOSA


A paixão apegosa é o oposto de amor, surge de um egocentrismo que acarinha a si mesmo no outro, ou pior, busca construir a propria felicidade as expensas do outro. Esse tipo de sentimento só quer se apropriar das pessoas, objetos e situações que o atraem para ter controle. Considera a atração como uma caracteristica inerente a pessoa, cujas qualiaddes amplia e subestima os defeitos.

A paixão romantica é o maior exemplo de cegueira. O dicionario define ”Um amor poderoso, exclusivo e obsessivo. Afetividade violenta que atrapalha o julgamento.” Ela é alimentada pelo exagero e pela ilusão e insiste em que as coisas sejam outras, diferentes de como realmente são. Como uma miragem, o objeto idealizado é insaciavel e fundamentalmente frustrante.

”a atração sexual não é patologica, mas também não é uma emoção. É a expressao normal de um desejo, como a fome e a sede.”. Mesmo assim faz surgir as mais poderosas emoções porque sua força deriva dos 5 sentidos: visão tato, audicao, paladar e olfato. Na ausencia de liberdade interior, qualquer experiencia desse tipo gera apego e cria um redemoinho: não damos atenção, pensamos que podemos nadar ali sem problemas, mas quando o turbilhao acelera e fica mais profundo, somos sugados para dentro dele sem nenhuma esperanaç de resgate. Já a pessoa que consegue manter uma perfeita liberdade interior experimenta todas sensações na simplicidade do momento presente, com o deleite de uma mente livre de apegos e expectativas.












O amor verdadeiro é aquele que é livre de apegos, ser desapegado não significa amar menos e sim não estar centrado no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que dizemos sentir pelo outro. O amor real é a alegria de compartilhar da vida daqueles que estão a nossa volta, seja eles seus amigos, familiares, esposa ou marido.

Ama-se o outro pelo que ele/ela é e não através da lente distorcida do egocentrismo, em vez de se apegar temos que ter em mente a felicidade da outra pessoa e não a propria, em vez de esperar gratificações podemos receber o amor reciproco da outra pessoa com alegria.



Matthieu Ricard





AMOR NÃO É ALGO QUE VOCÊ QUER, AMOR É ALGO QUE VOCÊ DÁ, OFERECE. LAMA TSERING EVEREST





DO DESEJO À OBSESSÃO


O desejo obsessivo que costuma acompanhar o amor apaixonado deturpa a afeição, a ternura e a alegria de apreciar e compartilhar a vida com alguém. Ele é o oposto do amor altruísta. Surge de um egocentrismo doentio que acarinha a si mesmo no outro ou, ainda pior, busca construir a própria felicidade às expensas do outro. Esse tipo de desejo só quer se apropriar das pessoas, dos objetos e das situações que o atraem para ter controle. Considera a atração como uma característica inerente àquela pessoa, cujas qualidades ele amplia, enquanto subestima os defeitos. “O desejo embeleza os objetos sobre os quais pousa as suas asas de fogo” , ressaltou Anatole France.

O desejo obsessivo é reflexo da intensidade e da frequência das imagens mentais que o desencadeiam. Como um disco riscado, fica repetindo o mesmo leitmotiv. É uma polarização do universo mental, uma perda de fluidez, que prejudica a liberdade interior. Alain escreveu: “Este amante desprezado, que se contorce sobre a cama em vez de dormir e que medita sobre vinganças terríveis. O que sobraria da sua ferida se ele não pensasse mais sobre o passado e sobre o futuro? Este ambicioso, ferido no coração por um fracasso, onde procurará ele sua dor, senão em um passado que ressuscita e em um futuro que inventa?”


Essas obsessões tornam-se muito dolorosas quando não são atendidas e vão ficando cada vez mais fortes quando o são. O universo da obsessão é um mundo onde a urgência se vincula à impotência. Somos pegos por uma engrenagem de tendências e pulsões que conferem à obsessão um caráter lancinante. Outra de suas características é a insatisfação fundamental que ela suscita. Ela não conhece a alegria e muito menos a plenitude ou a realização. Não poderia ser de outra maneira, já que aquele que é vítima da obsessão insiste em buscar alívio exatamente naquelas situações que são as causas do seu tormento. O dependente de drogas reforça a sua dependência, o alcoólatra bebe até chegar ao delírio, o amante desprezado olha para a foto da sua amada o dia todo. A obsessão gera um estado de sofrimento crônico e de ansiedade, aos quais se somam, por sua vez, o desejo e a repulsa, a insaciabilidade e a exaustão. Na verdade, ela é um adendo às causas do sofrimento.

Estudos indicam que diferentes regiões do cérebro e diferentes circuitos neurais estão em ação quando “queremos” alguma coisa e quando “gostamos” dela. Isso nos ajuda a compreender pelo qual, quando nos acostumamos a sentir certos desejos, tornamo-nos dependentes deles – continuamos a sentir a necessidade de satisfazê-los mesmo quando já não gostamos do sentimento que provocam. Chegamos ao ponto de desejar sem gostar, desejar sem amar. No entanto, podemos querer ser livres da obsessão, que machuca porque nos compele a desejar aquilo que não nos agrada mais. Podemos, também, amar alguma coisa ou alguém sem necessidade desejá-los.





DESEJO, AMOR E APEGO


Como distinguir entre o amor verdadeiro e o apego possessivo? O amor altruísta pode ser comparado ao som puro que vem de um copo de cristal, e o apego ao dedo que, ao tocar a beira do copo, abafa esse som. Reconhecemos desde o princípio que a ideia de uma mor desprovido de apego é relativamente estranha à sensibilidade ocidental. Ser desapegado não significa que amamos menos a pessoa, mas que não estamos centrados no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que dizemos sentir pelo outro. O amor altruísta é a alegria de compartilhar da vida daqueles que estão à nossa volta – os nosso familiares, os nossos amigos, os nossos companheiros, a nossa esposa ou o nosso marido – e contribuir para a felicidade deles. Amamos o outro por aquilo que ele é e não através da lente distorcida do egocentrismo. Em vez de ficarmos apegados ao outro, temos que ter em mente a felicidade dele; em vez de esperar que ele nos traga alguma gratificação, podemos receber o seu amor recíproco com alegria.

E depois podemos ir ampliando e estendendo esse amor. É preciso ser capaz de amar todas as pessoas incondicionalmente. Amar um inimigo – isso é pedir demais? Esse empreendimento pode parecer impossível, mas baseia-se em uma observação muito simples: a de que todos os seres, sem exceção, querem evitar o sofrimento e conhecer a felicidade. O amor altruísta genuíno é o desejo de que isso possa se realizar. Se o amor que oferecemos depende do modo como somos tratados, nunca seremos capazes de amar o nosso inimigo. No entanto, é certamente possível ter a esperança de que ele pare de sofrer e seja feliz!

Como conciliar esse amor incondicional e imparcial com o fato de que temos na nossa existência relações preferenciais com certas pessoas? Tomemos o sol como exemplo. Ele brilha para todos, com o mesmo calor e a mesma claridade, em todas as direções. Mas há seres que, por diversas razões, se encontram mais perto dele e que, por isso, recebem mais calor. Mas em nenhum momento essa situação privilegiada é uma exclusão. Apesar das limitações inerentes a qualquer metáfora, compreendemos que é possível gerar em si mesmo uma bondade a partir da qual chegamos a olhar para todos os seres como se fossem pais, mães, irmãos, irmãs ou filhos. No Nepal, por exemplo, chamamos qualquer mulher mais velha do que nós de “grande irmã”, e a mulher mais nova, de “pequena irmã”. Essa bondade aberta, altruísta e atenciosa, longe de diminuir o amor que sentimos por aqueles que nos são mais próximos, só o faz aumentar, aprofundar-se e ficar ainda mais belo.

É claro que temos que ser realistas – concretamente é impossível manifestar da mesma maneira a nossa afeição e o nosso amor por todos os seres vivos. É normal que os efeitos do nosso amor envolvam mais determinadas pessoas do que outras. No entanto, não há razão para que uma relação especial que temos com um amigo ou um companheiro limite o amor e a compaixão que sentimos por todas as pessoas. A essa limitação, quando surge, damos o nome de apego. O apego é nocivo na medida em que, sem propósito algum, restringe o campo de ação do amor altruísta. É como se o sol deixasse de brilhar em todas as direções e se reduzisse a um estreito feixe de luz. O apego é fonte de sofrimento porque o amor egoísta se bate contra as barreiras que ele mesmo levantou. A verdade é que o desejo possessivo e exclusivista, a obsessão e o ciúme só têm sentido no universo fechado do apego. O amor altruísta é a mais expressão da natureza humana, quando essa natureza não é viciada, obscurecida e distorcida pelas manipulações do ego. O amor altruísta abre uma porta interior que torna inoperante o sentimento de importância de si mesmo e, portanto, também o medo desaparece. Ele nos permite dar alegremente e receber com gratidão.

Matthieu Ricard





SOBRE O AMOR


Em primeiro lugar nós temos a palavra Maitri que pode ser traduzida como “amor” ou “amorosidade”. É a intenção e a capacidade de trazer alegria à outra pessoa ou à várias pessoas. A intenção não é suficiente, por que as vezes você quer muito fazer o outro feliz mas você o faz infeliz. Então a intenção não é suficiente. A capacidade de fazer outra pessoa feliz. E como? Pelo trabalho de olhar profundamente , por vipassana. Se você não entende uma pessoa você não pode amar, este é o ensinamento do Buda, então o amor é feito de uma substância chamada entendimento. E o entendimento é o resultado de olhar profundamente. Você está calmo, você olha, você vê, você entende, e agora você pode amar.

Por que para amar alguém com intensidade significa fazer essa pessoa feliz e sorridente, florescendo como uma flor. E a menos que você conheça a natureza, as dificuldades, o desespero e a esperança dessa pessoa, você não pode trazer para ela o certo que pode faze-la feliz. E você faz isso apenas para o bem da pessoa que você ama. Você não diz “…eu faço isso pra você e você tem de fazer aquilo por mim…” isso não é Maitri , isso é um tipo de troca não é amor. Você faz isso sem nenhuma condição.

O segundo aspecto do amor é Karuna : a capacidade de transformar, de remover a dor de outra pessoa. A outra pessoa pisa num espinho e sofre, você vem e remove o espinho e coloca um bálsamo nele e você alivia o sofrimento, isso é Karuna. E você faz isso sem pedir nada em troca. E isso também requer seu poder de entendimento, e apenas através desse tipo de insight você pode começar a amar corretamente. E portanto, o amor, no contexto budista, é uma prática. A prática de olhar profundamente e não apenas a intenção de fazer o outro feliz. Amor é ação e o símbolo da ação é a mão.

Quando você entra num mosteiro tibetano, ou num nosteiro viatinamita, você pode ver uma imagem de Buda com mil braços. Isso significa que o Buda tem mil maneiras de amar. De outra forma você não entende por que ele tem tantos braços. E se você olhar mais profundamente em cada palma da mão tem um olho, e esses olhos significam: olhando profundamente para entender, e se você não olha profundamente para entender como você pode amar? Então “o entender” é a essência do amor e o amor é feito de entendimento. Você não pode amar uma pessoa se você não a entende. Isso é simples. E se você a ama sem entendê-la você a está fazendo sofrer. Isso não é amor verdadeiro. Pivra a outra pessoa de espaço, de liberdade, de frescor e você pode ver isso. E quando a outra pessoa não está nutrida de amor você não será nutrido de amor. Quando você tem esse amor e essa amorosidade você é o primeiro a lucrar com essa prática.

O homem ou mulher que forem motivados por Maitri e Karuna são lindos em si mesmos e é claro que a pessoa que ele ou ela ama também é linda, por que ela é regada com Maitri e Karuna. Então quando a outra pessoa não parece feliz, nós sabemos que tem algo errado com nosso amor. Nós deveríamos parar de dizer “…eu a amo tanto e fiz tudo ao meu alcance para fazê-la feliz, por quê ela não é feliz?, ela não quer ser feliz…”. Nós não deveríamos acusa-la (culpa-la) assim. Deveríamos voltar e olhar profundamente a natureza do nosso amor. Para ver onde nós entendemos essa pessoa e o seu sofrimento.

No começo ela é uma flor mas agora ela não parece uma flor e nós a culpamos por não ser nossa flor. Mas quem é a pessoa responsável pela flor? Você. O que você tem feito para a sua flor? O amor se tornou ódio e agora você tem uma opinião diferente, você acha que a separação é o melhor, “…eu não posso mais viver com ela…” justamente a afirmação oposta. Então amor transformado em ódio é muito comum, e protanto você deve praticar diariamente para manter o amor vivo, e amor no contexto budista é Maitri e Karuna: trazer alegria e transformar o sofrimento da outra pessoa. E como você pode fazer isso se você não está calmo o suficiente, se você não olha profundamente para ela de maneira a ver que tipo de necessidade ela tem? Que tipo de sofrimento ela tem? Quem não precisa de meditação?

Tchich Nhat Hanh







fonte: budavirtual

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O QUE É A PAZ





A frase do título já é um ótimo insight se conseguirmos realmente percebê-la por experiência direta, mas abaixo segue o texto completo traduzido do autor do blog Lazy Yogi, no post intitulado ”O Que é a Paz?” (What Is Peace?). Paz não é um relaxamento no fim-do-dia nem um suco na piscina no fim-de-semana nem tirar férias nem receber um bom pagamento para se livrar de dívidas nem se livrar dos afazeres do dia.





A paz não é uma experiência isolada, como diz o autor do artigo, e, para além disso, a paz também “não é um pensamento nem um jeito de pensar“. Na definição dele, a paz é “uma maneira de considerar as experiências“.


Apenas uma consideração a respeito do efeito que um artigo desses pode causar, principalmente com nosso background ocidental funcional: ao falar que a paz é “um jeito de considerar as experiências” alguns de nós teremos o reflexo condicionado de transformar isso numa meta de comportamento, um slogan, uma espécie de mandamento psicológico. Como se tivéssemos que viver com esse ou aquele jeito de considerar as coisas. Esse não é o espírito. O “jeito de considerar as experiências” é, como Lazy Yogi deixa claro, um estado nascido da claridade sobre si mesmo: “você não se engana mais como sendo o corpo ou a mente (…); nesta clara consciência, você está em paz, ou melhor, você se reconhecer como o próprio bem-estar e a paz“. O fim das ilusões a respeito de si mesmo é o estado que permite esse “jeito de considerar as experiências”.


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“O QUE É A PAZ”

Por Lazy Yogi


“A paz não é uma experiência. É ausência de confusão em relação ao que você está vivendo. Em tal claridade, há um contentamento e uma alegria de liberaçao do sofrimento da confusão.


A experiência humana é cheia de momentos de positividade e beleza intercalados com momentos de negatividade e dor. Essa experiência humana é caracterizada pelo corpo seus sentidos e sensações físicas associadas, e também com os pensamentos e humores mentais.


Quando alguns embarcam na jornada de descobrir a paz, ela buscam por ela no mundo da experiência humana. A esperança é que a experiência deste corpo possa se tornar permanentemente feliz e positiva, renunciando para sempre o negativo.


Tal perspectiva é dependente que sua experiência seja de uma certa maneira, e já que as experiências são por si mesmas transitórias, assim também são a felicidade e o prazer que elas trazem.


Você não é suas experiências, e a convicção desta verdade nascida na percepção direta tirará toda a pressão de ficar evitando as experiências negativas e de se esforçar pelas positivas. Você se torna menos obcecado pelas experiências, aproveitando o que vem e não mais lamentando o que se vai.


Mas onde a paz se encaixa nisso? A paz não é uma experiência mas uma maneira de considerar as experiências. Não é um pensamento nem um jeito de pensar mas um lugar de consciência eterna de onde você vive.


Por lugar, quero dizer Você mesmo. Quando você não se engana mais como sendo o corpo ou a mente, onde isso lhe coloca? É a oportunidade de se tornar consciente de sua própria existência sem o contexto da forma humana.


Nesta clara consciência, você está à vontade e em paz. Ou, melhor, você se reconhece como o próprio bem-estar e a paz. Há inúmeras maneiras de se libertar da confusão e redescobrir a claridade, e eu gostaria de recomendar a meditação e a auto-investigação.


Somos muito menos seres individuais e muito mais uma dimensão eterna e sem limites que está permanentemente consciente de si mesma.






FONTE: dharmalog.com

terça-feira, 12 de novembro de 2013

MEDITAÇÃO NÃO É TENTAR SER MELHOR, É VER CLARAMENTE O QUE VOCÊ É AGORA



O pequeno grande texto abaixo é tão precioso e iluminado que pode trazer grandes insights para quem está verdadeiramente interessado na arte de viver e no auto-conhecimento – e também na meditação. A conhecida monja budista Pema Chödrön, autora de “Comece Onde Você Está” e “Quando Tudo Se Desfaz” e discípula de Chögyam Trungpa Rinpoche, traz uma reflexão valiosíssima para nossa vida: tentar mudar a si mesmo é uma auto-agressão que esconde nossa maior riqueza, a de vermos como somos e porque somos como somos, e de perceber a verdade que está aí. “Isso não é um projeto de aprimoramento“, diz ela. “O objetivo não é se livrar da sua raiva (…) mas de perceber totalmente o sentimento, de ver claramente com precisão e honestidade“.
O texto faz parte do livro “A Sabedoria de Não Ter Saída” (tradução livre de The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness), publicado pela primeira vez em 1991.


“Meditação é ver claramente o corpo que temos, a mente que temos, a situação doméstica que temos, o trabalho que temos, e as pessoas que estão em nossas vidas. É ver como reagimos a todas essas coisas. É ver nossas emoções e pensamentos simplesmente como são agora, neste exato momento, neste exato lugar, neste exato assento. Não tem a ver com tentar fazer algo ir embora, nem tentar se tornar melhor do que somos, mas ver claramente com precisão e gentileza. (…)
Isso não é um projeto de aprimoramento; não é uma situação em que você tenta ser melhor do que você é agora. Se você tem um temperamento ruim e você sente que agride a si mesmo e aos outros, você pode pensar que sentando em meditação por uma semana ou um mês fará seu temperamento ruim acabar — que você será aquela pessoa doce que você sempre quis ser. Que nunca mais uma palavra dura irá sair dos seus lábios de lírio branco. O problema é que o desejo de mudar é fundamentalmente uma forma de agressão contra si mesmo. O outro problema é que nossos curtos circuitos, felizmente ou infelizmente, contém nossa riqueza. Nossas neuroses e nossa sabedoria são feita do mesmo material. Se você jogar fora sua neurose, você também vai jogar fora sua sabedoria. Alguém que é muito agressivo também tem muita energia; aquela energia é o que enriquece. É a razão pela qual as pessoas amam aquela pessoa. O objetivo não é tentar se livrar da sua raiva, mas de fazer as pazes com ela, de ver claramente com precisão e honestidade, e também de ver com gentileza. Isso significa não julgar você mesmo como uma pessoa má, mas também não forçar a si mesmo dizendo que “é bom que eu esteja com raiva deles” o tempo todo. A gentileza envolve não reprimir a raiva mas também não atuar com ela. É algo muito mais sutil e mais coração aberto do que isso. Envolve aprender como, assim que você perceber totalmente o sentimento de raiva e o conhecimento de quem você e do que você faz, de soltar e deixar ir. Você pode se soltar da rotineira historinha ridícula que acompanha a raiva e pode começar a ver claramente como você mantém a coisa toda acontecendo. Por isso, seja raiva ou desejo ou ciúme ou medo ou depressão – o que quer que seja – a idéia não é de tentar se livrar disso, mas de fazer amizade com isso. Significa conhecer isso completamente, com um tipo de suavidade, e aprender como, uma vez que você experimentou isso inteiramente, deixar ir.”
~ Pema Chödrön, em “The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness”, 1991 (pags 18 e 19)



Mais informações sobre Pema Chödron, seu trabalho e seus livros em shambhala-brasil.org.
FONTE dharmalog.com

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SEJA TESTEMUNHO DE SEUS PENSAMENTOS



Antes de ir dormir à noite, não pule simplesmente na cama e caia no sono. Em vez disso, passe o dia em revista. Pergunte-se, “Como foi que eu me saí? Minha intenção era não ferir ninguém – eu consegui isso? Eu pretendia cultivar regozijo, compaixão, amor, equanimidade – eu fiz isso?” Pense não só no dia atual, mas em cada dia da sua vida. “Eu busquei desenvolver tendências positivas? Será que eu basicamente tenho sido um pessoa virtuosa? Ou será que tenho passado a maior parte do meu tempo agindo negativamente, envolvido com atividades não-virtuosas?” Faça-se essas perguntas de forma crítica e honesta. Qual é o resultado quando você confere esses dados?
Se verificar que sua conduta deixou a desejar, não ajuda em nada você se sentir culpado ou se recriminar. O objetivo é observar o que você fez, porque suas ações nocivas podem ser purificadas. A negatividade não fica gravada na base da mente de forma indelével. Ela pode ser modificada. Portanto, faça um retrospecto. Se você enxergar defeitos e deslizes, chame por um ser de sabedoria. Você não precisa ir a um lugar especial, pois não há lugar onde a prece não seja ouvida. Não importa se você considera a perfeição como sendo Deus, Buda ou uma deidade; o fundamental é que quando você a objetifique, não haja nenhum defeito, falta ou limitação. A perfeição absoluta propicia a você as bênçãos da purificação.
Confesse-se, tendo aquele ser de sabedoria como sua testemunha, e arrependa-se sinceramente do mal que você causou, comprometendo-se a não repeti-lo. Enquanto medita, visualize luz irradiando-se do objeto de perfeição, limpando você e purificando todos os erros do seu dia, desta vida e de todas as outras vidas que você já viveu.
Quando olhar para o seu dia, talvez você veja que conseguiu trazer felicidade aos outros. Talvez você tenha dado de comer a um animal com fome, ou tenha praticado generosidade, paciência. Mas em vez de parar por aí, resolva fazer ainda melhor no dia seguinte. Cultive uma atitude de maior habilidade e compaixão em suas interações com os outros. Dedique energia positiva criada por suas ações a todos os seres, sejam eles quem forem, seja qual for a condição em que se encontrem, pensando, “Possa esta virtude aliviar o sofrimento de todos os seres; possa ela lhes trazer felicidade no presente e no futuro.”
Chagdud Tulku Rinpoche, Portões da Prática Budista



fonte: budavirtual

terça-feira, 5 de novembro de 2013

CORRENDO DE UM LUGAR PARA OUTRO SEM SAIR DO LUGAR: REFLEXÕES E CONFISSÕES DE YEHUDA BERG & SANTO AGOSTINHO



Dois discursos, um de um rabino americano contemporâneo e o outro de um célebre bispo e teólogo cristão de dezessete séculos atrás, trazem insights para nossas vidas atribuladas e cheias de movimentos, muitos deles movimentos que nos mantém parados no mesmo lugar, algumas vezes sem sequer percebermos — ainda com o olhar voltado para fora em busca de descobertas. Yehuda Berg, autor de “O Poder da Kaballah” e “Os 72 Nomes de Deus”, descendente de uma linha de rabinos e um dos diretores do The Kaballah Center de Los Angeles (EUA), fala quase psicoterapeuticamente dos movimentos e da correria que produzimos cegamente, sem entender o “caos que parece nos seguir”. A outra frase é um trecho das famosas “Confissões” (~397) do teólogo, bispo e filósofo da Igreja Católica Santo Agostinho, que escreveu essa reflexão após comentar como se sentia instigado a explorar as profundidades do seu ser e de sua memória, uma faculdade até então obscura e fantástica.



Primeiro, Yehuda Berg:

“Podemos viajar grandes distâncias, mas continuar onde estamos.
Às vezes passamos a vida correndo de um lugar para outro, mas permanecemos a mesma pessoa. É por esse motivo que o mesmo tipo de situação, pessoas e caos parece nos seguir, não importa onde estejamos, até que descubramos as lições que devemos aprender e que tenhamos feito uma mudança interna.
Crescimento pessoal tem pouco a ver com o lugar onde estamos e tudo a ver com como estamos.”
~ Yehuda Berg



E abaixo, o trecho de “Confissões“:

“Os homens viajam para se maravilharem com
a altura das montanhas
as ondas imensas do mar
os longos cursos dos rios
o vasto âmbito do oceano
o movimento circular das estrelas
e passam por si mesmos sem se maravilhar.”
~ Santo Agostinho (354-430), em “Confissões”



fonte: budavirtual

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

BRINCAR DE MEDITAR
















Com jeitinho, dá para ajudar o pimpolho a desenvolver práticas contemplativas
Em vez de passar os dias preenchendo os horários com judô, natação, inglês, balé, computação, escola, há crianças que reservam alguns minutos diários para a meditação. Sim, meditação, aquele ato consciente de retirar-se, normalmente em quietude, que parece impensável para seres tão ligados no 220 como crianças. Mas elas podem, sim, meditar. E fazem isso com prazer, desde que o ato de meditar não seja mais uma obrigação – como o judô, natação, etc.etc. a que muitos pais submetem seus filhos.
Se você já imaginou aquele moleque que não larga o videogame transformado num anjinho sentado em posição de lótus, repetindo mantras por horas, calma lá. Embora tenha, em linhas gerais, os mesmos objetivos e benefícios que traz para os adultos, a meditação para crianças segue três regras básicas. A primeira delas é que a criança não deve se sentir obrigada a praticá-la. A segunda é que o baixinho deve meditar por pouco tempo, alguns minutos apenas as crianças se distraem muito. A terceira dica é que toda meditação deve seguir uma orientação de adultos, pelo menos no início.
A criança não “aprende” a meditar e nem, quando os pais dizem “é hora de meditar”, ela, como por mágica, vai para o quarto e começa a prática, como se estivesse estudando para a prova de ciências. Não é assim. O ideal é que haja uma evolução natural: a criança começa com um minuto por dia, depois de ouvir uma história ou seguindo uma orientação passo a passo. Algo suave como: “Feche os olhinhos, pense no ar que está enchendo o seu peito, conte… ar entrando, ar saindo… ar entrando, ar saindo… agora preste atenção no toque do sino…” E por aí vai. A intenção é levar a criança a um estado ainda mais avançado que o do simples relaxamento; é como se o cérebro se desligasse de pensamentos por alguns momentos.
Depois de meditar por um minuto num dia, o pequeno pode conseguir por dois minutos, três, quatro. Em seguida, pode ter vontade de fazer por conta própria, quando quiser. Acredite: não é impossível. Com os gêmeos Bruno e Gabriel Damásio, de 10 anos, meditar faz parte do dia-adia.“ Outro dia um deles me disse que às vezes repete um mantra durante a aula ou no intervalo”, conta a mãe, Luciana Damásio. Os meninos foram introduzidos muito cedo no budismo tibetano, mas sem obrigações: nunca foram ensinados a meditar, o interesse apareceu por conta própria.
Também foi assim com Alexandre, de 7 anos, filho da artista plástica Fernanda Valadares. “Eu gosto muito de repetir mantras, parece que eu fico descansado, é gostoso”, conta o menino. A mãe diz que Alexandre se aproxima espontaneamente enquanto ela está meditando com mantras. “Às vezes ele fica por um tempo até surpreendente, mais de 10 minutos”, relata Fernanda.
Olhar interior
E para que uma criança medita? Porque, como os adultos, elas também sofrem com o estresse diário, mesmo que não pratiquem judô, natação e outras 20 atividades semanais. Elas precisam escapar das preocupações – a proximidade de uma prova ou a desavença com um colega, por exemplo, e podem aprender a se conectar consigo mesmas. Verdade que a infância é momento de gastar energia e descobrir o mundo exterior. Mas há quem defenda a meditação por considerar que as crianças hoje estão superexpostas a estímulos externos. A prática ajuda a torná-las mais concentradas e relaxadas – e quem convive com os pimpolhos sabe o quanto isso pode ser benéfico.
“Quando aplicada corretamente, a meditação ensina a criança a ter autocontrole”, diz a psicóloga norte americana Deborah Rozman, autora de Meditação para Crianças. Segundo ela, estudos comprovaram que a meditação ajuda pequenos muito inquietos a controlar o temperamento. “Crianças arteiras ou hiperativas têm mais dificuldade de meditar, mas são extremamente beneficiadas quando conseguem”, completa Márcia de Luca, fundadora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda (Ciyma), de São Paulo.
Desligar-se por alguns minutos dos problemas passados e futuros tem efeitos físicos e psíquicos comprovados por diversos estudos. A meditação ajuda a liberar endorfina, que produz sensação de bem-estar, ao mesmo tempo que diminui a produção de adrenalina (que, nas crianças, está sempre lá em cima) e cortisol (hormônio ligado ao estresse). “Cinco minutos de meditação antes da aula ajudam a criança a absorver o aprendizado”, diz Márcia de Luca, que já deu orientação a professores.
Uma bela maneira de colocar a criança em contato com a meditação é através de atividades lúdicas. No templo de budismo tibetano Odsal Ling, em Cotia, acontece no primeiro domingo de todo mês a Ciranda do Dharma, voltada para crianças de 5 a 11 anos. O lama Norbu conta histórias com algum princípio budista e depois faz atividades relacionadas. Por exemplo: quando foi contada a história do padeiro sovina que aprendeu a dividir o pão, as crianças da Ciranda fizeram diversos pães.
No final, há meditação e recitação de mantras.Coisa rápida, que as crianças adoram. “Usamos algum instrumento de apoio, como um sino, para ajudar no foco da meditação”, explica o lama Norbu. No budismo tibetano, a meditação é feita por meio de um mantra ou verso indicado para cada pessoa. “Tradicionalmente, as crianças não recebem treinamento para a meditação antes dos 11 anos, mas, com orientação adequada, práticas simples de meditação podem ser introduzidas para crianças menores.”
A idade ideal para começar a prática não é consenso entre os iniciados. Um conceito muito utilizado é o de que a criança está pronta para meditar quando consegue acompanhar uma história, prestando atenção, algo como assistir O Rei Leão até o fim. “Minhas crianças começaram com 4 anos”, diz Susan Kramer, norte-americana que começou a trabalhar essa meditação em 1965 e é autora de livros sobre o assunto, nenhum deles traduzido no Brasil. Ela diz que basta colocar a criança deitada de costas, “relaxada como uma boneca de pano”, para iniciar uma meditação guiada. “Contar a inspiração e a expiração duas vezes já é um começo.”
Márcia de Luca acredita que a meditação pode ser introduzida por volta dos 8 anos. O método de Márcia é o difundido pelo guru indiano Deepak Chopra, no qual se repete o que ele chama de som primordial individual, escolhido a partir da hora e do local de nascimento de cada pessoa.
Mais importante que descobrir quando começar é perceber quando se deve parar. Se a criança não se interessa pela meditação, não vale a pena obrigar ou se chatear. Ela pode se interessar pelo assunto mais tarde. Ou não. Só não pode achar que a prática é uma obrigação a mais no dia-a-dia. Isso iria contra todos os possíveis benefícios da meditação.

fonte: budavirtual

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

RESPIRANDO, CONTANDO, SENTANDO, CONCENTRANDO...



Muitas pessoas tem pedido recomendações de técnicas ou escolas para começar a meditar e/ou conhecer melhor o Yoga ou o Budismo (e outros caminhos), e as respostas que acabo dando tomam sempre um mesmo caminho: depende de você, de onde você está e do que naturalmente lhe atrai mais. Buscar um técnica de meditação ou se aproximar de uma filosofia ou prática é uma tarefa profundamente particular. Mas nada complicado, pois há cada vez mais práticas e escolas sendo expandidas e ensinadas, incluindo as mais ancestrais e preciosas que já passaram por esse planeta (e no fundo há uma diferença de forma mas uma semelhança de essência). E é mais ou menos isso que trata a jornalistaDiana St Ruth, editora do site Buddhism Now, no trecho do livro “Understanding Karma and Rebirth” (Buddhist Publishing Group, 2008) que segue mais abaixo com tradução de Fabíola Queiroz (que gentilmente permitiu sua reprodução aqui) e intituladoTranscendendo as Técnicas (do inglês Transcending Techniques). “Somos surpreendidos por formas diferentes de ver as coisas em épocas diferentes e é por isso que os ensinamentos budistas são tão diversificados”, diz Diana, no início do texto.
Não só budistas, como de várias outras tradições e técnicas — como o japa e as meditações do Yoga, as meditações taoístas, a Meditação Transcendental, a meditações sufis, etc. Dentro do Hinduísmo há uma miríade de caminhos e vertentes tão ou mais ampla. Especificamente dentro do Budismo, diz Diana Ruth, “a consciência é a chave para o entendimento de todo o ensinamento de Buda, é a base de todas as técnicas”. Por onde você entra ou por onde você passa é a riqueza do próprio caminho. No atual cenário de explosão de informação e migração de conhecimentos, com um pouco de discernimento, mente aberta e dedicação não há dificuldade nenhuma de encontrar logo algo precioso pra você. E o mais importante, como diz Diana no texto, não é ficar analisando e testando vários caminhos, é mergulhar logo em algo que lhe faça sentido e lhe ajude no desafio do auto-conhecimento.
“Há apenas dois equívocos que se pode cometer ao longo do caminho para a verdade: não ir até o fim, e não começar”.
~ fonte desconhecida (atribuída a Buda e a Confúcio, mas não confirmada)
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TRANSCENDENDO AS TÉCNICAS
Por Diana St Ruth — Tradução de Fabíola Queiroz
“Somos supreendidos por formas diferentes de ver as coisas em épocas diferentes e é por isso que os ensinamentos budistas são tão diversificados. Não significa que precisamos aprender todos os métodos, estudar todos os textos de todas as escolas, familiarizarmo-nos com a história do budismo através dos tempos e aprender todas as línguas nas quais os textos foram escritos antes de atingirmos a verdade. A verdade não está encerrada dentro de uma palavra ou de uma definição ou mesmo em um longa série de palavras. A verdade é a mesma do princípio ao fim; diz respeito a cada um de nós; diz respeito ao que nós somos e ao que está além dos conceitos e da mente pensante.
Definições são apenas mecanismos ou dispositivos ou meios habilidosos para se atingir o despertar, mas não são a realidade em si; são apenas pistas: vamos ver isso dessa forma, vamos olhar para aquilo daquele jeito… Eles são mecanismos que nos ajudam a abrir nossos próprios olhos. É apenas até aí que as palavras e os ensinamentos de qualquer pessoa podem nos levar. Trevor Legget costumava dizer que tentar apontar para a verdade é mais ou menos como contar uma piada:
“Algumas vezes, uma pessoa entende a piada: é o suficiente. Mas se alguém não a entende, ou se é uma piada inapropriada, ou se a pessoa não tem senso de humor, então não adianta insistir – ‘você tem que entender!’ – ou discutir a respeito. Conte a piada para outra pessoa.”
O mesmo acontece com todas as definições, métodos e técnicas que ouvimos no Budismo. Se uma pessoa não entende, não tem sentido em insistir; melhor tentar outra coisa. Em algum momento ao longo do tempo talvez consigamos entender – como uma boa piada.
Não tem sentido mergulhar nas montanhas de textos e tentar cada técnica de meditação que existe. Uma vez que encontremos algo que funciona para nós, devemos usar esse algo; devemos ir até o fundo, chegar até o caminho, na trilha e correta e aí permanecer; não há necessidade de voltar ao início para aprender uma nova técnica.
Além do mais, consciência é a chave para o entendimento de todo o ensinamento de Buda; é a base de todas as técnicas e, ainda assim, não é uma técnica em si. Não há nada mais simples ou mais óbvio do que consciência, mas até que vejamos de fato o que realmente é e percebermos sua importância, talvez precisemos de várias técnicas para nos ajudar a chegar lá, como aprimorando nossa concentração através da contagem da respiração, ou dando nome a cada ação que praticamos (em silêncio, para nós mesmos), através do dia – ‘caminhando’, ‘sentando’, ‘deitando’, espirrando’, ‘comendo’, ‘vestindo-se’ e por aí vai – até que um dia, de repente, nós ‘caímos’, damo-nos conta do que é a consciência, o que é ser uno com o momento presente, sua realidade e seu poder. Nesse momento, as técnicas foram transcendidas.”


fonte: budavirtual

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A LIBERTAÇÃO DOS PENSAMENTOS

A LIBERTAÇÃO DOS PENSAMENTOS
Mathieu Ricard falou: Temos falado muito da possibilidade de mudança. Como isso acontece no contexto da formação contemplativa? Sabemos que as emoções duram alguns segundos, que os humores duram, digamos, um dia, e que o temperamento é algo que se modela com o passar dos anos. Portanto, se queremos mudar, é obvio que precisamos primeiro agir com relação às emoções, e isso ajudará a modificar nossos humores, que, por fim, se estabilizarão na forma de um temperamento modificado. Em outras palavras, precisamos começar a trabalhar com os acontecimentos instantâneos que ocorrem na mente. Como dizemos, se cuidarmos dos minutos, as horas cuidarão de si mesmas. Como proceder no tocante à experiência direta? O período refratário e tudo isso serão coisas um pouco abstratas para alguém que queira lidar com as emoções imediatamente. Portanto, uma das questões principais tem relação com o modo como ocorre o encadeamento dos pensamentos, o modo de como um pensamento leva ao outro. Meu professor me contou uma história a respeito de um ex-chefe guerreiro do leste do Tibet que abandonou todas as atividades marciais e mundanas, e foi para uma caverna meditar. Passou alguns anos ali. Certo dia um bando de pombos pousou em frente à caverna e ele lhes deu um punhado de grãos. Enquanto observava, porém, os pombos lhe lembraram as legiões de guerreiros que ele tivera sob seu comando, e isso fez lembrar-se das expedições – e ficou irado novamente ao pensar nos antigos inimigos. Essas recordações logo lhe invadiram a mente e ele desceu ao vale, encontrou os antigos companheiros e voltou a guerra! Isso exemplifica como um pequeno pensamento pode tornar-se uma obsessão, como uma minúscula nuvem branca cresce e se transforma numa imensa nuvem escura repleta de raios. Como lidar com isso? Quando falamos em meditação, a palavra usada em tibetano significa, na verdade, “familiarização”.
Precisamos nos familiarizar com um novo modo de lidar com o surgimento dos pensamentos. No início, quando surge um pensamento de ira, desejo ou ciúme, não estamos preparados para ele. Portanto, em poucos segundos, esse pensamento dá origem a um segundo e a um terceiro, e logo nosso panorama mental é invadido por pensamentos que solidificam nossa raiva ou ciúme e, então, é tarde demais. Assim acontece quando uma faísca incendeia uma floresta, e estamos em apuros.
A maneira elementar de intervir chama-se “olhar para trás”, para o pensamento. Quando surge um pensamento, precisamos observá-lo e observar sua fonte. Precisamos investigar a natureza desse pensamento que parece tão sólido. Ao encará-lo, sua solidez tão óbvia se derrete e o pensamento se extingue sem dar origem a um encadeamento de pensamentos. A questão não é tentar bloquear o surgimento de pensamentos – isso nem é mesmo possível – mas não deixá-lo invadir nossa mente. Precisamos fazê-lo diversas vezes porque não estamos acostumados a lidar com os pensamentos dessa maneira. 

Somos iguais a uma folha de papel que ficou muito tempo enrolada. Quando tentamos abri-la sobre a mesa, ela se enrola de novo no instante em que erguemos as mãos. É assim que se realiza o treinamento. Talvez haja quem pergunte o que as pessoas fazem nos retiros, passando oito horas por dia sentados. Fazem exatamente isso: familiarizam-se com um novo modo de lidar com o surgimento dos pensamentos. Quando começamos a nos acostumar com o reconhecimento dos pensamentos é como se fôssemos capazes de identificar rapidamente numa multidão alguém que conhecemos. Quando surge um pensamento potente de forte atração ou raiva sabemos que vai levar a uma proliferação de pensamentos, passamos a reconhecê-lo: “Ah, lá vem essa idéia!”. Esse é o primeiro passo. Ajuda muito a evitar que tal pensamento o domine. Depois de se acostumar com isso, o processo de lidar com os pensamentos se torna mais natural. Não é preciso lutar e aplicar antídotos específicos a cada pensamento negativo, porque sabemos como deixá-lo se esvaecer sem deixar vestígios. Os pensamentos se desamarram. O exemplo dado é o de uma cobra. Se ela é der um nó no corpo, consegue desfazer esse nó sem esforço, sem precisar de nenhuma ajuda externa. Por fim, haverá uma época em que os pensamentos chegarão e partirão como um pássaro que passa pelo céu, sem deixar vestígios.
Outro exemplo dado é o do ladrão que entra numa casa vazia. O proprietário não tem nada a perder e o ladrão não tem nada a ganhar. É uma experiência de liberdade. Não nos tornamos simplesmente apáticos, como vegetais, mas passamos a dominar os pensamentos. Eles não nos carregam mais pelas rédeas. Isso só pode acontecer por intermédio de treinamento constante e experiência genuína. Também é assim que podemos, aos poucos, adquirir certas qualidades que passarão a integrar nossa natureza, tornam-se um novo temperamento.
Vejamos com exemplo relativo à compaixão. No século XIX, viveu um grande eremita chamado Patrul Rinpoche. Certa feita ele disse a um dos discípulos que fosse para uma caverna e passasse seis meses meditando, não pensando em nada além da compaixão. No início, o sentimento de compaixão por todos seres é sempre forçado, artificial. Depois, gradualmente, a mente fica inundada de compaixão; ela permanece na mente sem esforço. Passados os seis meses, o meditador estava sentado à entrada da caverna e viu um cavaleiro solitário cantando no vale. O yogui teve uma espécie de premonição clara, uma sensação forte, de que o homem morreria em uma semana. A diferença entre a visão daquele homem cantando alegremente e a súbita intuição do yogue o deixara tristíssimo com relação à existência condicionada, que os budhas chamam de samsara. Nesse momento, sua mente foi invadida por uma compaixão genuína e avassaladora que nunca mais partiu. Passara a fazer parte de sua natureza, o verdadeiro sentido da meditação. Ver o homem foi uma espécie de acionamento do gatilho, mas o essencial aconteceu antes da familiarização. O incidente não teria tido a mesma repercussão se ele não tivesse passado os seis meses imerso em compaixão. Estamos falando de como ajudar a sociedade. Se pretendemos contribuir com algo para a sociedade ter uma nova idéia das coisas, precisamos começar com nós mesmos. Precisamos decidir nos transformar, e isso só acontece com o treinamento, e não por meio de idéias fugazes. É essa a contribuição que pode provir da prática budista.
Durante toda a palestra de Matthieu, o Dalai Lama se inclinava para frente, atento. Depois, tirou os óculos e, em tom sincero, disse: “Muito bem, maravilhoso!”
Do livro: Como Lidar Com Emoções Destrutivas
Dalai Lama & Daniel Goleman



fonte:  ÀS 1 DE SETEMBRO DE 2013

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A causa da derrota...


Quer queiramos ou não, a adversidade faz parte da vida. Superar as adversidades é um dos maiores obstáculos que enfrentamos. Os problemas, sejam grandes ou pequenos apresentam-se a nós durante toda a nossa existência. Independentemente de quão animado, inteligente, ou contente estejamos no momento, independentemente de a vida nos correr às mil maravilhas, inesperadamente todos nós algumas vezes somos confrontados com problemas, lutas, desafios, dificuldades. É como se fossemos postos à prova, para vermos de que fibra somos feitos, como é que conseguimos enfrentar algumas situações catastróficas e angustiantes. Não pretendo passar a mensagem que quanto mais adversidade melhor, nem sou apologista de que o sofrimento é algo de bom. Não, o sofrimento incapacitante não é benéfico. Ainda assim, não invalida que pensamos nele como uma realidade que acontece na vida de cada um de nós, certamente em número e intensidade diferentes de pessoa para pessoa. Quando acontece, aceitá-lo é uma parte da estratégia para nos livrarmos de mais sofrimento. Aceitá-lo pode constituir uma forma de nos reestruturarmos e seguirmos em frente.

Conforme Havelock Ellis escreveu: “A dor e a morte são parte da vida. Rejeitá-las é rejeitar a própria vida.”

Na verdade, graças a Deus pela adversidade! Aprender a lidar e superar as adversidades, é o que nos faz ser quem somos. Cada desafio, a cada dificuldade que enfrentamos com êxito na vida serve para fortalecer a nossa força de vontade, confiança e capacidade de vencer os obstáculos futuros.

Heródoto, filósofo grego, disse: “A adversidade tem o efeito de atrair a força e as qualidades de um homem que as teria adormecido na sua ausência.”

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Apego é o oposto do amor...


O amor verdadeiro é aquele que é livre de apegos, ser desapegado não significa amar menos e sim não estar centrado no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que dizemos sentir pelo outro. O amor real é a alegria de compartilhar da vida daqueles que estão a nossa volta, seja eles seus amigos, familiares, esposa ou marido. 
Ama-se o outro pelo que ele/ela é e não através da lente distorcida do egocentrismo, em vez de se apegar temos que ter em mente a felicidade da outra pessoa e não a propria, em vez de esperar gratificações podemos receber o amor reciproco da outra pessoa com alegria.
Matthieu Ricard

domingo, 8 de setembro de 2013

Meditação faz mágica em pacientes

Meditação faz mágica em pacientes

Os retratos clicados pelo fotógrafo americano Peter Seidler destacaram-se nas redes sociais ao exibir a transformação promovida pela meditação

Raphaela de Campos Mello, da 
/Peter Seidler