sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Meditação da expansão

Procure uma posição de conforto para permanecer em atitude relaxada, entendendo que o relaxamento não é algo que eu possa ou deva fazer. Posso fazer coisas desde o relaxamento, mas o relaxamento não é fazer coisas, nem deixar de fazer.

Observo então que o corpo assume naturalmente a posição vertical, sem esforço, e permanece descontraído na firmeza natural do āsana. Vejo que essa mesma atitude se estende à tranquilidade no meu coração e aos conteúdos da paisagem mental. Por um momento paro e observo a quietude do corpo e da mente.

Logo, permito que a respiração flua sem nenhuma interferência; sem esforço, sem nenhum tipo de comando ou esforço da mente. Ao mesmo tempo, percebo o respirar e permito que a atenção se centre na expansão e no recolhimento da respiração natural. Consciência total na respiração; consciência total na fluidez da expansão e o recolhimento do prāṇa, a força vital.

Assim, passo para a prática chamada viśvarūpa dhyāna, antiga meditação que e aparece na Taittirīya Upaniṣad. Nesta contemplação, mantendo os olhos fechados, observo meu corpomente dentro do espaço desta sala. Logo, visualizo a sala na cidade: tomo consciência da dimensão da sala em relação ao tamanho da cidade. E também tomo consciência da dimensão do meu corpo em relação ao tamanho da cidade.

Tomo consciência do tamanho da cidade em relação ao país, tomo consciência do tamanho do país em relação ao continente. Observando desde o corpomente, percebo a dimensão do continente, com todas as montanhas, os rios, as planícies, contendo tudo o que o ser humano fez ao longo da história e tudo aquilo que é objeto criado pela natureza.

Tomo consciência dos dois lados do continente, banhado pelos dois oceanos que são muito maiores que a própria terra. Visualizo agora o planeta inteiro, abrangendo os outros continentes e o terceiro oceano, que não banha esta terra onde estou agora. E lembro que as águas dos três oceanos se misturam, são em verdade uma só. Observo.

Lembro que este planeta é pequeno em relação ao sistema solar. Também penso que o sistema solar, com todos seus planetas, asteróides e estrelas, é imenso em relação ao meu corpomente, e ao mesmo tempo muito pequeno se comparado ao tamanho da Via Láctea.

E que esta galáxia onde está meu planeta, por sua vez, é infinitesimalmente pequena em relação ao conjunto das galáxias vizinhas que, por sua vez, somadas, são insignificantes diante do tamanho do universo inteiro. Então agora olho de volta para o meu corpo na sala, tomando consciência da dimensão da criação total, do universo inteiro. Quiçá com algum direito, possa surgir em mim um sentimento de insignificância.

Porém, ao perceber a dimensão real do universo, vejo quão pequenos são os meus problemas, quão pequenas são as coisas que ocupam meu pensamento no cotidiano. Isso, por sua vez, me ajuda a relativizar esses problemas e enxergá-los apenas como o que são: situações tópicas inerentes aos papéis que represento na vida.

Lembro que viśvarūpa, o nome que se dá a essa prática, significa a forma da própria totalidade, a forma do todo. Todas as formas, portanto, estão incluídas na forma única que é o Todo. Cada forma, existe perfeitamente integrada no ambiente com as formas contíguas: o átomo integrado na molécula a molécula na célula, a célula no tecido, o tecido no órgão, o órgão no organismo, o organismo no ambiente, o ambiente no Todo.

E esta consciência que sou, observa, apreciando esse Todo e cada componente dele. Recordo que essa inteligência ativa, chamada Īśvara, está presente em tudo e todos. Observo desde a perspectiva da individualidade que sou, na forma dessa consciência que observa, que não está separada e que não é diferente desse Todo.

Assim, olho para as coisas do meu cotidiano agora, aquelas pequenas coisas que preenchem o meu dia a dia, minhas preocupações, minhas obrigações, e penso: qual é o tamanho dessas situações que vivo, comparadas com o tamanho do universo?

Quando compreendo que sou a consciência que já estava desde antes da mente e do desejo, que permanece durante e que fica depois, que estava desde antes do corpo, que está no corpo agora, e que permanece depois, que estava antes do prāṇa, que está na vitalidade agora, e que fica depois, aquilo que chamo de minhas preocupações se reduz até a insignificância.

Assim, relativizo as coisas do ego, permaneço em paz, e posso estender essa atitude relaxada e focada para todas as experiências para todos os momentos dentro dessa vida que eu tenho agora.

Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ. Que haja paz em cada um, que haja paz no ambiente, que haja paz entre nós.

Fonte: http://www.yoga.pro.br

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

TREINO DA MENTE: NOS TORNANDO MESTRES EM LIBERAR-NOS DOS ESTADOS AFLITIVOS ASSIM QUE TOMAM FORMA.

As chamas ardentes da raiva secaram o rio do meu ser. A densa obscuridade da ilusão cegou a minha inteligência. Minha consciência se afoga nas torrentes do desejo. A nevasca enregelada da inveja arrastou-me para o samsara.A montanha do orgulho precipitou-me nos mundos inferiores.
O demônio da crença no ego me tem, firme, pela garganta.
DILGO KHYENTSE RIMPOCHE
Se as paixões são os grandes dramas da mente, as emoções são os seus atores. Durante toda nossa vida, atravessando nosso espírito como um rio tumultuado, elas determinam incontáveis estados de felicidade e infelicidade. É desejável domar esse rio, acalmá-lo? É possível fazê-lo? Se sim, como? Certas emoções nos fazem desabrochar, enquanto outras sabotam o nosso bem-estar. Há, ainda, aquelas que nos fazem definhar.
Lembremo-nos do termo eudamonia, uma das palavras gregas para “felicidade”, que significa floração, desabrochar, realização, graça. O amor dirigido para o bem-estar dos outros, a compaixão voltada para os seus sofrimentos, em atos e pensamentos, são exemplos de emoções que nos alimentam e que favorecem a irradiação da felicidade. Um desejo obsessivo, a avidez aferrada ao objeto de seu apego, bem como o ódio, são exemplos de emoções aflitivas que nos esgotam. Como desenvolver emoções construtivas e libertar-nos das destrutivas?
Apesar da rica terminologia de que dispõe, para descrever uma ampla gama de eventos mentais, as linguagens tradicionais do budismo não têm uma palavra para designar a emoção em si mesma. A causa disso, talvez, seja que, segundo o budismo, todos os tipos de atividade mental, inclusive o pensamento acional, estão ligados a uma sensação relevante de prazer, de dor ou de diferença. Igualmente, a maior parte dos estados afetivos, como o amor e o ódio, surge acompanhada de pensamentos. Em vez de distinguir entre emoções e pensamentos, o budismo está mais voltado à compreensão de quais tipos de atividade mental levam ao bem-estar, o nosso próprio e o dos outros, e quais são nocivos, especialmente a longo prazo. Isto é, na verdade, muito coerente com aquilo que as ciências cognitivas nos mostram sobre o cérebro e a emoção. Não se pode propriamente falar de “centros emocionais” no cérebro. Cada região associada a algum tipo de emoção também está associada a um aspecto cognitivo. Os  circuitos neuronais que veiculam as emoções estão intimamente ligados aos que veiculam a cognição. Esse arranjo anatômico é coerente com a visão budista, segundo a qual esses processos não podem ser separados: as emoções aparecem em um contexto de ações e pensamentos, quase nunca estão isoladas dos outros aspectos da experiência. Deve-se notar que isso contradiz a teoria freudiana, segundo a qual poderosas emoções, como a cólera e o ciúme, por exemplo, podem surgir sem a presença de qualquer conteúdo cognitivo e conceitual particular.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Curso de Mosaico com Solange Piffer

No próximo dia 14, sábado, o OM SHANTI traz para Rio Preto a mosaicista Solange Piffer para um workshop. Reconhecida internacionalmente, Solange vai ensinar como fazer um lindo vaso de mosaico. Informações pelo telefone: (17) 3223.3757