quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O QUE QUER QUE ACONTEÇA NA SUA VIDA, NÃO DESISTA DO AMOR

“Toda a gente fala do amor – de querer amor, de procurar o amor, de precisar de amor. Mas por que motivo é o amor tão importante? O que faz realmente por nós e como podemos incrementar a nossa experiência do amor? Nesta palestra, Tulku Lobsang partilha uma sabedoria profunda da perspectiva budista Tantrayana. O amor abre-nos não apenas em nível do nosso coração e mente, mas também de uma forma física bem real. É um método para abrir os nossos bloqueios, que, posteriormente, tem um efeito profundo na nossa saúde.”
~ Apresentação da palestra com Tulku Lobsang Rinpoche, em 21/08/2013, 19h, em SP

“Falamos de amor mas continuamos produzindo medo“, disse uma vez o autor Adyashanti, ou, por outro ângulo, ainda continuamos limitando e selecionando nosso empenho amoroso aqui e ali, por isso a vinda ao Brasil do lama e tulku (reencarnação de outro grande lama)Lobsang Rinpoche, trazendo justamente a mensagem e a experiência tibetana do amor, é uma oportunidade preciosa de aprender e virar a página das limitações que ainda mantemos. Oitava encarnação de Nyentse Lama, aprendiz no Mosteiro Bön de Nangzi, hoje o maior Mosteiro Bön do Tibete, fundador do Centro de Medicina Budista Nangten Menlang, no norte da Índia, e autor de livros como “Despertar para a Sabedoria” e ”Mindfulness in Daily Life“.


Tulku Lobsang passou vários anos no Tibete e na Índia (desde os 6 anos, quando entrou para o mosteiro) aprendendo diretamente com vários mestres o antigo conhecimento Tântrico do Budismo Tibetano, além de Medicina, Astrologia e diversas técnicas de cura. Há alguns vídeos na Internet em que Tulku Lobsang Rinpoche aparece falando e esclarecendo aspectos do amor, como uma entrevista à Emptinez Magazin (em que ele trata de aspectos de relacionamento conjugal, uma tema que sempre aparece associado ao amor), e esta outra entrevista ao programa espanhol Redes, com Elisa Punset, onde ele trata de saúde — ambas nos idiomas originais.

O que quer que aconteça na sua vida, não desista do amor. O amor lhe cura, lhe guia e lhe ajuda. Mantenha o amor no centro do seu coração. Fisicamente, energeticamente e mentalmente – o amor é o melhor remédio.”
~ Tulku Lobsang





FONTE: dharmalog




terça-feira, 19 de novembro de 2013

APEGO É O OPOSTO DO AMOR


“TENHO OBSERVADO UMA IDEIA ESTRANHA DE AMOR QUE MUITAS PESSOAS PARECEM TER: ELES VÊEM O AMOR COMO UMA ESPÉCIE DE PRESENTE QUE TEM QUE SER DADO DE VOLTA. ALGUÉM DIZ: “EU TE AMO”, E SE A OUTRA PESSOA NÃO RESPONDE COM UM “EU TAMBÉM TE AMO”, A PRIMEIRA PESSOA FICA CHATEADA. MAS O AMOR NEM SEMPRE TEM QUE SER RECÍPROCO. NÓS PODEMOS APENAS AMAR. SE O AMOR NÃO VIER DE VOLTA PARA VOCÊ, ELE AINDA É O AMOR QUE VOCÊ DEU E QUE VOCÊ SENTE. NEM SEMPRE TEMOS QUE RECEBER ALGO DE VOLTA PARA O QUE DAMOS, NÃO É?”

KARMAPA



A PAIXÃO APEGOSA


A paixão apegosa é o oposto de amor, surge de um egocentrismo que acarinha a si mesmo no outro, ou pior, busca construir a propria felicidade as expensas do outro. Esse tipo de sentimento só quer se apropriar das pessoas, objetos e situações que o atraem para ter controle. Considera a atração como uma caracteristica inerente a pessoa, cujas qualiaddes amplia e subestima os defeitos.

A paixão romantica é o maior exemplo de cegueira. O dicionario define ”Um amor poderoso, exclusivo e obsessivo. Afetividade violenta que atrapalha o julgamento.” Ela é alimentada pelo exagero e pela ilusão e insiste em que as coisas sejam outras, diferentes de como realmente são. Como uma miragem, o objeto idealizado é insaciavel e fundamentalmente frustrante.

”a atração sexual não é patologica, mas também não é uma emoção. É a expressao normal de um desejo, como a fome e a sede.”. Mesmo assim faz surgir as mais poderosas emoções porque sua força deriva dos 5 sentidos: visão tato, audicao, paladar e olfato. Na ausencia de liberdade interior, qualquer experiencia desse tipo gera apego e cria um redemoinho: não damos atenção, pensamos que podemos nadar ali sem problemas, mas quando o turbilhao acelera e fica mais profundo, somos sugados para dentro dele sem nenhuma esperanaç de resgate. Já a pessoa que consegue manter uma perfeita liberdade interior experimenta todas sensações na simplicidade do momento presente, com o deleite de uma mente livre de apegos e expectativas.












O amor verdadeiro é aquele que é livre de apegos, ser desapegado não significa amar menos e sim não estar centrado no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que dizemos sentir pelo outro. O amor real é a alegria de compartilhar da vida daqueles que estão a nossa volta, seja eles seus amigos, familiares, esposa ou marido.

Ama-se o outro pelo que ele/ela é e não através da lente distorcida do egocentrismo, em vez de se apegar temos que ter em mente a felicidade da outra pessoa e não a propria, em vez de esperar gratificações podemos receber o amor reciproco da outra pessoa com alegria.



Matthieu Ricard





AMOR NÃO É ALGO QUE VOCÊ QUER, AMOR É ALGO QUE VOCÊ DÁ, OFERECE. LAMA TSERING EVEREST





DO DESEJO À OBSESSÃO


O desejo obsessivo que costuma acompanhar o amor apaixonado deturpa a afeição, a ternura e a alegria de apreciar e compartilhar a vida com alguém. Ele é o oposto do amor altruísta. Surge de um egocentrismo doentio que acarinha a si mesmo no outro ou, ainda pior, busca construir a própria felicidade às expensas do outro. Esse tipo de desejo só quer se apropriar das pessoas, dos objetos e das situações que o atraem para ter controle. Considera a atração como uma característica inerente àquela pessoa, cujas qualidades ele amplia, enquanto subestima os defeitos. “O desejo embeleza os objetos sobre os quais pousa as suas asas de fogo” , ressaltou Anatole France.

O desejo obsessivo é reflexo da intensidade e da frequência das imagens mentais que o desencadeiam. Como um disco riscado, fica repetindo o mesmo leitmotiv. É uma polarização do universo mental, uma perda de fluidez, que prejudica a liberdade interior. Alain escreveu: “Este amante desprezado, que se contorce sobre a cama em vez de dormir e que medita sobre vinganças terríveis. O que sobraria da sua ferida se ele não pensasse mais sobre o passado e sobre o futuro? Este ambicioso, ferido no coração por um fracasso, onde procurará ele sua dor, senão em um passado que ressuscita e em um futuro que inventa?”


Essas obsessões tornam-se muito dolorosas quando não são atendidas e vão ficando cada vez mais fortes quando o são. O universo da obsessão é um mundo onde a urgência se vincula à impotência. Somos pegos por uma engrenagem de tendências e pulsões que conferem à obsessão um caráter lancinante. Outra de suas características é a insatisfação fundamental que ela suscita. Ela não conhece a alegria e muito menos a plenitude ou a realização. Não poderia ser de outra maneira, já que aquele que é vítima da obsessão insiste em buscar alívio exatamente naquelas situações que são as causas do seu tormento. O dependente de drogas reforça a sua dependência, o alcoólatra bebe até chegar ao delírio, o amante desprezado olha para a foto da sua amada o dia todo. A obsessão gera um estado de sofrimento crônico e de ansiedade, aos quais se somam, por sua vez, o desejo e a repulsa, a insaciabilidade e a exaustão. Na verdade, ela é um adendo às causas do sofrimento.

Estudos indicam que diferentes regiões do cérebro e diferentes circuitos neurais estão em ação quando “queremos” alguma coisa e quando “gostamos” dela. Isso nos ajuda a compreender pelo qual, quando nos acostumamos a sentir certos desejos, tornamo-nos dependentes deles – continuamos a sentir a necessidade de satisfazê-los mesmo quando já não gostamos do sentimento que provocam. Chegamos ao ponto de desejar sem gostar, desejar sem amar. No entanto, podemos querer ser livres da obsessão, que machuca porque nos compele a desejar aquilo que não nos agrada mais. Podemos, também, amar alguma coisa ou alguém sem necessidade desejá-los.





DESEJO, AMOR E APEGO


Como distinguir entre o amor verdadeiro e o apego possessivo? O amor altruísta pode ser comparado ao som puro que vem de um copo de cristal, e o apego ao dedo que, ao tocar a beira do copo, abafa esse som. Reconhecemos desde o princípio que a ideia de uma mor desprovido de apego é relativamente estranha à sensibilidade ocidental. Ser desapegado não significa que amamos menos a pessoa, mas que não estamos centrados no amor por nós mesmos nos escondendo no amor que dizemos sentir pelo outro. O amor altruísta é a alegria de compartilhar da vida daqueles que estão à nossa volta – os nosso familiares, os nossos amigos, os nossos companheiros, a nossa esposa ou o nosso marido – e contribuir para a felicidade deles. Amamos o outro por aquilo que ele é e não através da lente distorcida do egocentrismo. Em vez de ficarmos apegados ao outro, temos que ter em mente a felicidade dele; em vez de esperar que ele nos traga alguma gratificação, podemos receber o seu amor recíproco com alegria.

E depois podemos ir ampliando e estendendo esse amor. É preciso ser capaz de amar todas as pessoas incondicionalmente. Amar um inimigo – isso é pedir demais? Esse empreendimento pode parecer impossível, mas baseia-se em uma observação muito simples: a de que todos os seres, sem exceção, querem evitar o sofrimento e conhecer a felicidade. O amor altruísta genuíno é o desejo de que isso possa se realizar. Se o amor que oferecemos depende do modo como somos tratados, nunca seremos capazes de amar o nosso inimigo. No entanto, é certamente possível ter a esperança de que ele pare de sofrer e seja feliz!

Como conciliar esse amor incondicional e imparcial com o fato de que temos na nossa existência relações preferenciais com certas pessoas? Tomemos o sol como exemplo. Ele brilha para todos, com o mesmo calor e a mesma claridade, em todas as direções. Mas há seres que, por diversas razões, se encontram mais perto dele e que, por isso, recebem mais calor. Mas em nenhum momento essa situação privilegiada é uma exclusão. Apesar das limitações inerentes a qualquer metáfora, compreendemos que é possível gerar em si mesmo uma bondade a partir da qual chegamos a olhar para todos os seres como se fossem pais, mães, irmãos, irmãs ou filhos. No Nepal, por exemplo, chamamos qualquer mulher mais velha do que nós de “grande irmã”, e a mulher mais nova, de “pequena irmã”. Essa bondade aberta, altruísta e atenciosa, longe de diminuir o amor que sentimos por aqueles que nos são mais próximos, só o faz aumentar, aprofundar-se e ficar ainda mais belo.

É claro que temos que ser realistas – concretamente é impossível manifestar da mesma maneira a nossa afeição e o nosso amor por todos os seres vivos. É normal que os efeitos do nosso amor envolvam mais determinadas pessoas do que outras. No entanto, não há razão para que uma relação especial que temos com um amigo ou um companheiro limite o amor e a compaixão que sentimos por todas as pessoas. A essa limitação, quando surge, damos o nome de apego. O apego é nocivo na medida em que, sem propósito algum, restringe o campo de ação do amor altruísta. É como se o sol deixasse de brilhar em todas as direções e se reduzisse a um estreito feixe de luz. O apego é fonte de sofrimento porque o amor egoísta se bate contra as barreiras que ele mesmo levantou. A verdade é que o desejo possessivo e exclusivista, a obsessão e o ciúme só têm sentido no universo fechado do apego. O amor altruísta é a mais expressão da natureza humana, quando essa natureza não é viciada, obscurecida e distorcida pelas manipulações do ego. O amor altruísta abre uma porta interior que torna inoperante o sentimento de importância de si mesmo e, portanto, também o medo desaparece. Ele nos permite dar alegremente e receber com gratidão.

Matthieu Ricard





SOBRE O AMOR


Em primeiro lugar nós temos a palavra Maitri que pode ser traduzida como “amor” ou “amorosidade”. É a intenção e a capacidade de trazer alegria à outra pessoa ou à várias pessoas. A intenção não é suficiente, por que as vezes você quer muito fazer o outro feliz mas você o faz infeliz. Então a intenção não é suficiente. A capacidade de fazer outra pessoa feliz. E como? Pelo trabalho de olhar profundamente , por vipassana. Se você não entende uma pessoa você não pode amar, este é o ensinamento do Buda, então o amor é feito de uma substância chamada entendimento. E o entendimento é o resultado de olhar profundamente. Você está calmo, você olha, você vê, você entende, e agora você pode amar.

Por que para amar alguém com intensidade significa fazer essa pessoa feliz e sorridente, florescendo como uma flor. E a menos que você conheça a natureza, as dificuldades, o desespero e a esperança dessa pessoa, você não pode trazer para ela o certo que pode faze-la feliz. E você faz isso apenas para o bem da pessoa que você ama. Você não diz “…eu faço isso pra você e você tem de fazer aquilo por mim…” isso não é Maitri , isso é um tipo de troca não é amor. Você faz isso sem nenhuma condição.

O segundo aspecto do amor é Karuna : a capacidade de transformar, de remover a dor de outra pessoa. A outra pessoa pisa num espinho e sofre, você vem e remove o espinho e coloca um bálsamo nele e você alivia o sofrimento, isso é Karuna. E você faz isso sem pedir nada em troca. E isso também requer seu poder de entendimento, e apenas através desse tipo de insight você pode começar a amar corretamente. E portanto, o amor, no contexto budista, é uma prática. A prática de olhar profundamente e não apenas a intenção de fazer o outro feliz. Amor é ação e o símbolo da ação é a mão.

Quando você entra num mosteiro tibetano, ou num nosteiro viatinamita, você pode ver uma imagem de Buda com mil braços. Isso significa que o Buda tem mil maneiras de amar. De outra forma você não entende por que ele tem tantos braços. E se você olhar mais profundamente em cada palma da mão tem um olho, e esses olhos significam: olhando profundamente para entender, e se você não olha profundamente para entender como você pode amar? Então “o entender” é a essência do amor e o amor é feito de entendimento. Você não pode amar uma pessoa se você não a entende. Isso é simples. E se você a ama sem entendê-la você a está fazendo sofrer. Isso não é amor verdadeiro. Pivra a outra pessoa de espaço, de liberdade, de frescor e você pode ver isso. E quando a outra pessoa não está nutrida de amor você não será nutrido de amor. Quando você tem esse amor e essa amorosidade você é o primeiro a lucrar com essa prática.

O homem ou mulher que forem motivados por Maitri e Karuna são lindos em si mesmos e é claro que a pessoa que ele ou ela ama também é linda, por que ela é regada com Maitri e Karuna. Então quando a outra pessoa não parece feliz, nós sabemos que tem algo errado com nosso amor. Nós deveríamos parar de dizer “…eu a amo tanto e fiz tudo ao meu alcance para fazê-la feliz, por quê ela não é feliz?, ela não quer ser feliz…”. Nós não deveríamos acusa-la (culpa-la) assim. Deveríamos voltar e olhar profundamente a natureza do nosso amor. Para ver onde nós entendemos essa pessoa e o seu sofrimento.

No começo ela é uma flor mas agora ela não parece uma flor e nós a culpamos por não ser nossa flor. Mas quem é a pessoa responsável pela flor? Você. O que você tem feito para a sua flor? O amor se tornou ódio e agora você tem uma opinião diferente, você acha que a separação é o melhor, “…eu não posso mais viver com ela…” justamente a afirmação oposta. Então amor transformado em ódio é muito comum, e protanto você deve praticar diariamente para manter o amor vivo, e amor no contexto budista é Maitri e Karuna: trazer alegria e transformar o sofrimento da outra pessoa. E como você pode fazer isso se você não está calmo o suficiente, se você não olha profundamente para ela de maneira a ver que tipo de necessidade ela tem? Que tipo de sofrimento ela tem? Quem não precisa de meditação?

Tchich Nhat Hanh







fonte: budavirtual

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O QUE É A PAZ





A frase do título já é um ótimo insight se conseguirmos realmente percebê-la por experiência direta, mas abaixo segue o texto completo traduzido do autor do blog Lazy Yogi, no post intitulado ”O Que é a Paz?” (What Is Peace?). Paz não é um relaxamento no fim-do-dia nem um suco na piscina no fim-de-semana nem tirar férias nem receber um bom pagamento para se livrar de dívidas nem se livrar dos afazeres do dia.





A paz não é uma experiência isolada, como diz o autor do artigo, e, para além disso, a paz também “não é um pensamento nem um jeito de pensar“. Na definição dele, a paz é “uma maneira de considerar as experiências“.


Apenas uma consideração a respeito do efeito que um artigo desses pode causar, principalmente com nosso background ocidental funcional: ao falar que a paz é “um jeito de considerar as experiências” alguns de nós teremos o reflexo condicionado de transformar isso numa meta de comportamento, um slogan, uma espécie de mandamento psicológico. Como se tivéssemos que viver com esse ou aquele jeito de considerar as coisas. Esse não é o espírito. O “jeito de considerar as experiências” é, como Lazy Yogi deixa claro, um estado nascido da claridade sobre si mesmo: “você não se engana mais como sendo o corpo ou a mente (…); nesta clara consciência, você está em paz, ou melhor, você se reconhecer como o próprio bem-estar e a paz“. O fim das ilusões a respeito de si mesmo é o estado que permite esse “jeito de considerar as experiências”.


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“O QUE É A PAZ”

Por Lazy Yogi


“A paz não é uma experiência. É ausência de confusão em relação ao que você está vivendo. Em tal claridade, há um contentamento e uma alegria de liberaçao do sofrimento da confusão.


A experiência humana é cheia de momentos de positividade e beleza intercalados com momentos de negatividade e dor. Essa experiência humana é caracterizada pelo corpo seus sentidos e sensações físicas associadas, e também com os pensamentos e humores mentais.


Quando alguns embarcam na jornada de descobrir a paz, ela buscam por ela no mundo da experiência humana. A esperança é que a experiência deste corpo possa se tornar permanentemente feliz e positiva, renunciando para sempre o negativo.


Tal perspectiva é dependente que sua experiência seja de uma certa maneira, e já que as experiências são por si mesmas transitórias, assim também são a felicidade e o prazer que elas trazem.


Você não é suas experiências, e a convicção desta verdade nascida na percepção direta tirará toda a pressão de ficar evitando as experiências negativas e de se esforçar pelas positivas. Você se torna menos obcecado pelas experiências, aproveitando o que vem e não mais lamentando o que se vai.


Mas onde a paz se encaixa nisso? A paz não é uma experiência mas uma maneira de considerar as experiências. Não é um pensamento nem um jeito de pensar mas um lugar de consciência eterna de onde você vive.


Por lugar, quero dizer Você mesmo. Quando você não se engana mais como sendo o corpo ou a mente, onde isso lhe coloca? É a oportunidade de se tornar consciente de sua própria existência sem o contexto da forma humana.


Nesta clara consciência, você está à vontade e em paz. Ou, melhor, você se reconhece como o próprio bem-estar e a paz. Há inúmeras maneiras de se libertar da confusão e redescobrir a claridade, e eu gostaria de recomendar a meditação e a auto-investigação.


Somos muito menos seres individuais e muito mais uma dimensão eterna e sem limites que está permanentemente consciente de si mesma.






FONTE: dharmalog.com

terça-feira, 12 de novembro de 2013

MEDITAÇÃO NÃO É TENTAR SER MELHOR, É VER CLARAMENTE O QUE VOCÊ É AGORA



O pequeno grande texto abaixo é tão precioso e iluminado que pode trazer grandes insights para quem está verdadeiramente interessado na arte de viver e no auto-conhecimento – e também na meditação. A conhecida monja budista Pema Chödrön, autora de “Comece Onde Você Está” e “Quando Tudo Se Desfaz” e discípula de Chögyam Trungpa Rinpoche, traz uma reflexão valiosíssima para nossa vida: tentar mudar a si mesmo é uma auto-agressão que esconde nossa maior riqueza, a de vermos como somos e porque somos como somos, e de perceber a verdade que está aí. “Isso não é um projeto de aprimoramento“, diz ela. “O objetivo não é se livrar da sua raiva (…) mas de perceber totalmente o sentimento, de ver claramente com precisão e honestidade“.
O texto faz parte do livro “A Sabedoria de Não Ter Saída” (tradução livre de The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness), publicado pela primeira vez em 1991.


“Meditação é ver claramente o corpo que temos, a mente que temos, a situação doméstica que temos, o trabalho que temos, e as pessoas que estão em nossas vidas. É ver como reagimos a todas essas coisas. É ver nossas emoções e pensamentos simplesmente como são agora, neste exato momento, neste exato lugar, neste exato assento. Não tem a ver com tentar fazer algo ir embora, nem tentar se tornar melhor do que somos, mas ver claramente com precisão e gentileza. (…)
Isso não é um projeto de aprimoramento; não é uma situação em que você tenta ser melhor do que você é agora. Se você tem um temperamento ruim e você sente que agride a si mesmo e aos outros, você pode pensar que sentando em meditação por uma semana ou um mês fará seu temperamento ruim acabar — que você será aquela pessoa doce que você sempre quis ser. Que nunca mais uma palavra dura irá sair dos seus lábios de lírio branco. O problema é que o desejo de mudar é fundamentalmente uma forma de agressão contra si mesmo. O outro problema é que nossos curtos circuitos, felizmente ou infelizmente, contém nossa riqueza. Nossas neuroses e nossa sabedoria são feita do mesmo material. Se você jogar fora sua neurose, você também vai jogar fora sua sabedoria. Alguém que é muito agressivo também tem muita energia; aquela energia é o que enriquece. É a razão pela qual as pessoas amam aquela pessoa. O objetivo não é tentar se livrar da sua raiva, mas de fazer as pazes com ela, de ver claramente com precisão e honestidade, e também de ver com gentileza. Isso significa não julgar você mesmo como uma pessoa má, mas também não forçar a si mesmo dizendo que “é bom que eu esteja com raiva deles” o tempo todo. A gentileza envolve não reprimir a raiva mas também não atuar com ela. É algo muito mais sutil e mais coração aberto do que isso. Envolve aprender como, assim que você perceber totalmente o sentimento de raiva e o conhecimento de quem você e do que você faz, de soltar e deixar ir. Você pode se soltar da rotineira historinha ridícula que acompanha a raiva e pode começar a ver claramente como você mantém a coisa toda acontecendo. Por isso, seja raiva ou desejo ou ciúme ou medo ou depressão – o que quer que seja – a idéia não é de tentar se livrar disso, mas de fazer amizade com isso. Significa conhecer isso completamente, com um tipo de suavidade, e aprender como, uma vez que você experimentou isso inteiramente, deixar ir.”
~ Pema Chödrön, em “The Wisdom of No Escape and The Path to Loving-Kindness”, 1991 (pags 18 e 19)



Mais informações sobre Pema Chödron, seu trabalho e seus livros em shambhala-brasil.org.
FONTE dharmalog.com

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SEJA TESTEMUNHO DE SEUS PENSAMENTOS



Antes de ir dormir à noite, não pule simplesmente na cama e caia no sono. Em vez disso, passe o dia em revista. Pergunte-se, “Como foi que eu me saí? Minha intenção era não ferir ninguém – eu consegui isso? Eu pretendia cultivar regozijo, compaixão, amor, equanimidade – eu fiz isso?” Pense não só no dia atual, mas em cada dia da sua vida. “Eu busquei desenvolver tendências positivas? Será que eu basicamente tenho sido um pessoa virtuosa? Ou será que tenho passado a maior parte do meu tempo agindo negativamente, envolvido com atividades não-virtuosas?” Faça-se essas perguntas de forma crítica e honesta. Qual é o resultado quando você confere esses dados?
Se verificar que sua conduta deixou a desejar, não ajuda em nada você se sentir culpado ou se recriminar. O objetivo é observar o que você fez, porque suas ações nocivas podem ser purificadas. A negatividade não fica gravada na base da mente de forma indelével. Ela pode ser modificada. Portanto, faça um retrospecto. Se você enxergar defeitos e deslizes, chame por um ser de sabedoria. Você não precisa ir a um lugar especial, pois não há lugar onde a prece não seja ouvida. Não importa se você considera a perfeição como sendo Deus, Buda ou uma deidade; o fundamental é que quando você a objetifique, não haja nenhum defeito, falta ou limitação. A perfeição absoluta propicia a você as bênçãos da purificação.
Confesse-se, tendo aquele ser de sabedoria como sua testemunha, e arrependa-se sinceramente do mal que você causou, comprometendo-se a não repeti-lo. Enquanto medita, visualize luz irradiando-se do objeto de perfeição, limpando você e purificando todos os erros do seu dia, desta vida e de todas as outras vidas que você já viveu.
Quando olhar para o seu dia, talvez você veja que conseguiu trazer felicidade aos outros. Talvez você tenha dado de comer a um animal com fome, ou tenha praticado generosidade, paciência. Mas em vez de parar por aí, resolva fazer ainda melhor no dia seguinte. Cultive uma atitude de maior habilidade e compaixão em suas interações com os outros. Dedique energia positiva criada por suas ações a todos os seres, sejam eles quem forem, seja qual for a condição em que se encontrem, pensando, “Possa esta virtude aliviar o sofrimento de todos os seres; possa ela lhes trazer felicidade no presente e no futuro.”
Chagdud Tulku Rinpoche, Portões da Prática Budista



fonte: budavirtual

terça-feira, 5 de novembro de 2013

CORRENDO DE UM LUGAR PARA OUTRO SEM SAIR DO LUGAR: REFLEXÕES E CONFISSÕES DE YEHUDA BERG & SANTO AGOSTINHO



Dois discursos, um de um rabino americano contemporâneo e o outro de um célebre bispo e teólogo cristão de dezessete séculos atrás, trazem insights para nossas vidas atribuladas e cheias de movimentos, muitos deles movimentos que nos mantém parados no mesmo lugar, algumas vezes sem sequer percebermos — ainda com o olhar voltado para fora em busca de descobertas. Yehuda Berg, autor de “O Poder da Kaballah” e “Os 72 Nomes de Deus”, descendente de uma linha de rabinos e um dos diretores do The Kaballah Center de Los Angeles (EUA), fala quase psicoterapeuticamente dos movimentos e da correria que produzimos cegamente, sem entender o “caos que parece nos seguir”. A outra frase é um trecho das famosas “Confissões” (~397) do teólogo, bispo e filósofo da Igreja Católica Santo Agostinho, que escreveu essa reflexão após comentar como se sentia instigado a explorar as profundidades do seu ser e de sua memória, uma faculdade até então obscura e fantástica.



Primeiro, Yehuda Berg:

“Podemos viajar grandes distâncias, mas continuar onde estamos.
Às vezes passamos a vida correndo de um lugar para outro, mas permanecemos a mesma pessoa. É por esse motivo que o mesmo tipo de situação, pessoas e caos parece nos seguir, não importa onde estejamos, até que descubramos as lições que devemos aprender e que tenhamos feito uma mudança interna.
Crescimento pessoal tem pouco a ver com o lugar onde estamos e tudo a ver com como estamos.”
~ Yehuda Berg



E abaixo, o trecho de “Confissões“:

“Os homens viajam para se maravilharem com
a altura das montanhas
as ondas imensas do mar
os longos cursos dos rios
o vasto âmbito do oceano
o movimento circular das estrelas
e passam por si mesmos sem se maravilhar.”
~ Santo Agostinho (354-430), em “Confissões”



fonte: budavirtual