quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

NOSSO MUNDO INTERNO…

Nosso mundo interno é muito fácil de flagrar e investigar. Pode testar no meio da rua, numa festa, no metrô, em qualquer ambiente com seres:

1) Andando de modo automático, envolvido consigo mesmo, sinta internamente como está seu corpo, sua expressão facial e sua respiração assim que você acorda de um micro sonho (aquele pensamento que faz você olhar mas não ver).

2) Enquanto você foca de modo excessivo em algum ser incrivelmente sedutor, observe seu corpo, seu pulmão, veja se isso lhe deixa relaxado ou contraído. Quando você relaxa internamente, o que acontece com o apego àquela aparência? Diminui ou aumenta?

3) Flagre-se enxergando seres humanos como obstáculos, operando por indiferença, e veja se isso produz alegria ou embotamento na sua mente.

4) Quando o mundo parecer cheio de inimigos, pessoas com caras malignas, gente suja e feia e cansada e mal educada, quando surgir aversão e medo e raiva, sinta como fica seu corpo e veja se é gostoso construir essa experiência de mundo. Observe o quanto sua própria mente reifica essa percepção acreditando em mil vozes internas que se autojustificam, e o quanto você mesmo é teimoso e parece não querer descortinar outra realidade.

5) Observe também o que acontece com seu corpo e com sua mente quando você levanta bem o olhar e olha com cuidado para cada ser vivendo seu próprio mundo. Um olhando o celular, o outro sonolento, o casal, os amigos com sacolas, mil olhares e expressões faciais… Todos buscando a mesmíssima felicidade, todos sem saber direito como fazer isso. Todos muito próximos e incrivelmente distantes, se ignorando, como se fizessem um esforço, um pacto sutil de não prestar atenção um no outro. E você ali, se segurando para não quebrar aquela seriedade artificial, para não sentar com todos eles e passar a noite inteira contando e ouvindo histórias.

Surge amplidão? Nesse preciso instante onde estão os seus draminhas? Surge brilho no olho? Surge alegria e vontade de viver e participar do mundo? Surgem ideias de como fazer isso? O corpo relaxa e repousa mais? A atenção se estabiliza e concentra ou se dispersa? Essa é uma boa hora de fazer ciência da mente em primeira pessoa, pra valer.

O que esse olhar mais amplo de compaixão faz com o corpo? E como ativar o corpo internamente para facilitar o surgimento desse olhar mais amplo?

O que aconteceria se todo mundo acordasse no meio de um vagão e se olhasse de verdade? Você consegue imaginar? Quando você experimenta imaginar, surge algum sorriso? Não surge nada?

Nós não andamos em ruas e avenidas e linhas de metrô. Nós andamos em mundos sutis o tempo todo.

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